sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

PICADA ESSIG - TRAVESSEIRO


Picada Felipe Essig, Travesseiro
A localidade situa-se há cerca de quatro quilômetros da sede do município, ás margens do Rio Forqueta e tem atualmente sua economia baseada na produção de aves, suínos e numa agroindústria recentemente inaugurada. Com uma população estimada em cerca de duzentos moradores a Picada Felipe Essig ou Picada Vinagre como também é conhecida luta pela pavimentação da estraga geral que passa pela localidade, já que o trajeto é usado também como desvio do pedágio da BR-386. Até bem pouco tempo, antes da construção da ponte que liga à Marques de Souza, uma barca fazia a travessia entre as localidades. Da localidade são naturais diversos empresários e dirigentes de entidades do Vale do Taquari. A história da localidade foi resgatada recentemente pelo administrador de empresas, Rudi Rubens Essig, residente em Porto Alegre, que concluiu um levantamento histórico de sua terra natal. Seu bisavô, Phillipp Essig, foi um dos pioneiros da colonização do município de Travesseiro. A família Essig, segundo o autor, tem sua origem na cidade de Idar- Oberstein na Alemanha onde sua população atualmente e dedica à lapidação de pedras preciosas. Philipp Essig nas céu em 1841 e aos dezoito anos veio para o Brasil. Desembarcou no local conhecido como Passo da Barca, hoje Picada Fhillipp Essig, em 1875. Constituiu família e formou uma propriedade onde cultivava cereais. Entre as curiosidades citadas no livro estão a de que seu vizinho mais próximo residia em Linha Cairú, distante sete quilômetros, para onde se deslocava de canoa pelo Rio Forqueta. O único moinho, existente na época, se localizava na localidade hoje chamada de Arroio Grande no Município de Arroio do Meio, e pertencia a família Horn de Estrela e que fora inaugurado em 1870. A casa comercial mais próxima era em Lajeado, distante cerca de 25 quilômetros. Sua produção agrícola era transportada pelo Rio Forqueta. Philipp também foi o pioneiro no setor industrial. Iniciou a fabricação de tijolos. O barro era amassado com os próprios pés até atingir a liga necessária para formar uma massa compacta. Aos poucos a sua olaria foi recebendo inovações e o barro, já era amassado pelas patas de cavalos sobre um tablado. Cerca de 30 mil tijolos foram destinados para a construção da igreja da Igreja Evangélica de Confissão Luterana – IECLB em Marques de Souza. Em 1893 iniciou a Revolução Federalista, liderada pelo Deputado Federal Gaspar Silveira Martins que com ambições de assumir o governo, fora vencido pelo republicano Júlio de Castilhos. Na região de Arroio do Meio, o chefe maragato foi o famoso “coronel” José Altenhofen que na época possuía a barca de Beija-Flor, sobre o rio Taquari, defronte a cidade de Arroio do Meio. A revolução já acabara, porém ainda existiam alguns grupos remanescentes dos bandos de maragatos, que tinham, tão somente intenções de praticar saques, assaltos, roubos e desordens.Em 28 de janeiro de 1895, que um grupo de aproximadamente 100 homens, chefiados pelo jovem, de 18 anos de idade, Amandio Pereira Gomes, assaltou a pequena localidade de Travesseiro, onde foram mortos oito agricultores, que foram surpreendidos quando estavam jogando cartas. Nesse mesmo dia, Frederico Jacob Essig, filho de Philipp Essig, fora a Travesseiro, a cavalo, dirigindo-se ao moinho, quando foi informado da chacina ocorrida. Frederico tratou imediatamente de retornar à sua casa. Pelo caminho encontrou o vizinho João De Potter, que era republicano e os maragatos sabiam disso. De Potter apavorado com a notícia do assalto de Travesseiro, tratou de reunir o seu cavalo e uma vaca e deslocou-se até a casa de Philipp Essig, este se encontrava em sua canoa para atravessar o rio Forqueta em busca de seus filhos que freqüentavam a escola em Marques de Souza. De Potter exigiu que Philipp lhe cedesse a canoa para atravessar os seus animais para o outro lado do rio. Philipp não cedeu a canoa, mas prontificou-se a levar o seu vizinho e retornar porque poderia necessitar da canoa para salvar a sua própria família da perseguição das tropas de maragatos. Os dois discutiram na beira do rio e esse incidente teve um fim muito trágico, pois, De Potter puxara de sua arma e matou Philipp dentro de sua própria canoa.

Foto Barca que fazia a travessia do Forqueta em 1953

domingo, 13 de dezembro de 2009


Um lugar no Vale


Progresso em 1938


Nesta semana estamos reproduzindo depoimento de leitor sobre o município de Progresso onde ele faz um relato de momento vivenciado há 71 anos. “Creio que era fevereiro de 1937 ou 1938, meu pai e familiares, entre eles eu com 8 a 9 anos, fomos de “auto de praça” de Lajeado até Vila Fão, que naquele tempo se chamava Bela Vista. Dali tomamos uma diligência que fazia a linha até Progresso, que naquele tempo se chamava Gramado. A diligência (igual às do filme do Zorro), era puxada por seis mulas. Seguimos serra acima, tendo que parar várias vezes e ajudar a empurrar a diligência, pois as mulas não conseguiam subir os terríveis aclives existentes. Aquela viagem e a novidade me convenceram que a profissão de boleeiro, seria um bom emprego para mim. Eu adorava livros de aventuras. Guardei na memória até hoje o nome do condutor, Ricardo Tomazzi. Á tarde chegamos à Progresso, hospedamo-nos no hotel do José Pretto, na esquina vis-a-vis à subprefeitura, que recebia hóspedes que iriam veranear naquela vila. As atrações eram a uva, os figos, o clima fresco e as paisagens agrestes, com um conforto mínimo. As casas eram quase todas de madeira vertical e cobertas por telhas de tabuinhas. Foi meu primeiro contato com região de colonizadores italianos. Lá ficamos dez dias. O subprefeito era também o subdelegado, Florisbelo Rodrigues França e tinha um filho da minha idade, chamado Odacy. Ele me introduziu no conhecimento das brincadeiras locais, diferentes para um filho da cidade de Lajeado, como eu era. Numa manhã, assisti a saída dos presos, da cadeia que era no porão da subprefeitura. Os presos iam a pé ao lado de uma pequena carreta chamada de galeota e puxada por um burrico. O capataz ia na carreta junto com as ferramentas de trabalho de estrada. Ele levava na mão uma açoiteira muito comprida, que servia para compelir o muar e os presos recalcitrantes, segundo informou-me o filho do subdelegado. A igreja estava quase pronta. O padre convidou meu pai, Mário Lampert, para tomar um cálice de vinho. O padre, muito gentil, também serviu um para mim. Lembro que o padre gozava de grande consideração. Em frente da igreja e um pouco à esquerda, tinha uma cantina de vinho, uma novidade para mim. O dono também era um Pretto. Guardei para sempre aquele cheiro. Também se fabricavam pipas e barris ali. No hotel, por ocasião do carnaval, houve um baile infantil, de tarde. Quando entrei, tive medo. Todos os meninos estavam com o rosto mascarado com riscos negros. Uma novidade e um susto para mim. Custei para descobrir quem era o meu amigo. Na rua de acesso que desembocava no hotel, num pequeno matadouro, vi de perto, pela primeira vez, abaterem uma cabeça de gado. Fiquei horrorizado. Estranhei muito que o magarefe cortou a jugular do boi com uma faca, tendo na outra mão uma chaira. Devia ser comum no hotel abater animais para consumo da família e hóspedes. Assisti ao sacrifício de um porco no pátio do hotel. Duas pessoas seguravam a vítima de barriga para cima. Um terceiro espetou-lhe uma faca no pescoço. Num arranco, o animal livrou-se dos que o seguravam e disparou rua afora sangrando e aos guinchos, alertando e divertindo toda a vizinhança que acompanhava a cena em gargalhadas. Foi perseguido de perto e finalmente alcançado para cumprir o seu destino. Perguntei pelos veículos a motor e fui informado que um automóvel ja havia chegado a Progresso. Tinha sido o de um médico de Boqueirão do Leão, de nome Dr. Storck. Depois disso nenhum outro. Um fato jocoso: quando as mulas paravam para descansar, “naquela” posição constrangedora, faziam xixi, todas ao mesmo tempo Inesquecível. Alício soube que você está fazendo uma série de reportagens sobre "Um lugar no Vale" e lembrei-me deste relato em que conto o passado de Progresso visto por um menino ha mais de 70 anos.
Leandro Lampert
Historiador e genealogista

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

TAMANDUÁ - MARQUES DE SOUZA




Um lugar no Vale

Tamanduá, distrito de Marques de Souza

A data não existe oficialmente, mas fala-se que foi por volta do mês de julho de 1888, que chegavam os primeiros imigrantes à localidade. Alguns registros no entanto destacam o ano de 1878 como o início da colonização. Enfim são apenas números que compõe a história mais que centenária desta localidade encravada entre vales fertéis, o rio Forqueta e a BR-386. O nome Tamanduá surgiu a partir do aparecimento do animal que vivia por ali no inicio do século passado. Das dificuldades do início, com os colonos chegando transportados pelos Vapores através do Rio Forqueta e daí em diante de carroças puxadas por bois ou no lombo de cavalos subindo os morros, até os dias de hoje, diversas páginas da história da localidade foram escritas. Houve o tempo da fartura com a cooperativa e o intenso comércio, passando pelo declínio econômico a partir da década de 1990 com os descendentes de imigrantes partindo em direção a grandes centros. Hoje, o distrito de Tamanduá conta com cerca de setecentos moradores e vê a economia local tentar novos rumos com investimentos na área de avicultura e fabricação de tijolos. Uma característica da localidade é ser berço natal de empresários que hoje fazem sucesso pela região.

A história religiosa
O distrito de Tamanduá, colonizado por imigrantes alemães e italianos é composto por duas comunidades religiosas.

Comunidade Católica

A história da Comunidade Católica de Tamanduá iniciou-se por volta de 1888 quando chegaram os primeiros imigrantes. As primeiras famílias sócias foram as de João Kerber e seus filhos Leopoldo e João, Jacob Loeblein, Augusto e Adolfo Henicka, Adão Noll, Pedro Apell, Nicola de Souza, Paulo Eckavart, viúva Suzana Blum, Willi Brenner. Em 1912, chegavam os imigrantes italianos onde são lembradas as famílias de José Basso, João Giovanella, Carlos Zagonel, Pedro Beal, José Berté, Guilherme Dadalt, Fernando Giovanella, João Frozza, Isidoro Poletto, Virgílio de Andrade, Segundo Martinelli, Catina Zanatta, Joãozinho Ferreira, Miguel Frozza, Demétrio Barbieri, Dirigi Giongo, Jacob Loeblein Filho, Eugênio Noll, Cereno Poletto, Baptista Sbaraini e Fioravante Giovanella. Hoje mais de cem famílias integram a comunidade religiosa. O prédio da atual igreja foi construído em 1950. É um dos poucos edificados em madeira e que ainda se conservam no interior do Estado.



Comunidade evangélica

Por volta de 1878 chegavam a localidade imigrantes alemães oriundos da região de São Sebastião do Caí e Dois Irmãos. Eram as famílias de Heinrich Noé, Morgenstern, Grebin, Heinrich Keller, Friedrich Lautenschlager, Hermann Spiecker, Adolf Dtasch, Heinrich Arend e Jacob Fuchs, o Jacó das Mulas. Alguns deles integravam o grupo dos Muckers. O pequeno número de membros não impediu que logo se formasse a comunidade religiosa. O pastor vinha de Forquetinha e os cultos aconteciam junto a um prédio que também servia como escola. Em 1887, Hermann Spiecker concluía este prédio em estilo enxaimel edificado onde hoje está situada a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) construída em 1939. Por volta de 1909 também apareciam sobrenomes de pioneiros como Datsch, Eckhardt, Raabe, Keidel, Abegg, Jaeger, Grevenhagen e Stacke.. Em 1939 foi construída a igreja da IECLB que recentemente passou por restauração.


Fotos e texto Alício de Assunção

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

LINHA ORLANDO - MARQUES DE SOUZA


Um lugar no Vale

Linha Orlando – Marques de Souza


Linha Orlando está localizada há sete quilômetros da sede do município, na estrada que liga Marques de Souza ás localidade de Linha Atalho, Rui Barbosa em Canudos do Vale e Xaxim em Progresso. Na história resgatada em obra publicada pelo professor Armindo Müller consta que por volta de 1890 a Linha Orlando fazia parte das antigas colônias pertencentes a empresa Bastos, Klenzen & Cia. Um dos sócios teria doado terras da localidade a uma afilhada, viúva de um colono chamado Orlando, daí se originando o nome Linha Orlando. Em 1911, a viúva solicitou a Gustav Jäger para que realizasse a medição e a venda de lotes das terras. Era uma área constituída por muitas matas e logo em seguida chegavam as famílias desbravadoras de Carl Bernstein, João Stacke, Franz Döbber, Germano Bernstein, Nikolaus Schroeder, Eduard Conrad e Valentin Cornelius. As primeiras colheitas eram transportadas em estradas precárias até Nova Berlim Forqueta, atual Marques de Souza). Estes primeiros habitantes pertenciam a comunidade Missouri de Linha Tigrinho e a comunidade Sinodal de Bastos e Nova Berlim Forqueta. O primeiro Pastor que visitou a comunidade foi Walter Mummelthey. Para chegar até a região que é muito montanhosa utilizava um cavalo. Os primeiros cultos foram realizados em casas de famílias. A criação de uma sociedade local aconteceu em assembléia de moradores em 29 de agosto de 1919, na residência de João Stacke. Na mesma assembléia, também foi feito um contrato com Wilhelm Espich para a construção de um templo, no valor de 600 mil réis. Eduard Conrad doou o terreno e 100 ml réis. Dezesseis membros integravam inicialmente a comunidade. Uma pequena capela foi concluída provisoriamente e pode ser inaugurada no dia 22de Maio de 1920. Em 1968 foi inaugurada a atual igreja da IECLB. Também na localidade existe a comunidade católica que foi fundada em 1910 , tendo como padroeira Santa Terezinha. Os fundadores foram José Welter, João Zanatta, Franciso Giovanella, Pedro, Jacó e Fioravante Tomazzi. A escola já desativada foi criada em 1973. Um fato que marcou a localidade foi o acidente com um ônibus da empresa Ereno Dörr em 12 de outubro de 1969 quando retornava de um sepultamento em Progresso e que resultou em quatro pessoas fatais. Atualmente a comunidade é composta por cerca de 100 moradores. Como aconteceu na maior parte da região, pó volta de 1980, iniciou o êxodo rural. Situação que começou a ser revertida a partir de 1998, com a instalação de aviários, chiqueirões e criação de gado de leite, que tomam conta da paisagem da localidade. É intenso o trânsito de caminhões que diariamente transportam rações e frangos. O Expresso Azul mantêm uma linha de ônibus que diariamente liga a localidade com Lajeado e Progresso. Entre eles, está o casal Almiro (71) e Erica Tatch Kern (73) que residem á beira da estrada há cerca de dois quilômetros do centro da vila. “Aqui tinha muito movimento, pois o pessoal se encontrava nos cultos e na casa comercial de Aloísio Birckeuer. Criamos oito filhos, apenas um continua conosco”. Mesmo com poucos moradores os Kern destacam que é bom viver no local. “São diversas promoções sociais que atraem muita gente de fora, como o futebol, baile de kerb, festas e chás das mães e muito trabalho”, relata Erica. As entidades que se mantêm em atividades são o Esporte Clube Juventude, Clube de Mães Margaridas e a Comunidade Evangélica.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

XAXIM, DISTRITO DE PROGRESSO


Dificilmente alguém na região ainda não ouvi falar sobre a localidade de Xaxim distante a doze quilômetros do centro de Progresso. As festas, os torneios de futebol, bailes, trilhas de jipe e a produção de frango são algumas das atividades que colocam em destaque esta localidade. A história de Xaxim remonta a 1905 quando chegaram os primeiros moradores como Afonsinho Gomes, João da Silva e as famílias Tomaz, Ledur, Lazzaron e Pontin. Depois é claro vieram outros como os Morari, Calliari, Simonetti, Battisti, Giovanela, Talini, Mafassioli, Vivian, Cavalli, e tantos outros. Como bons italianos, uma da primeiras providências foi construir uma capela em honra a Nossa Senhora do Bom Parto. Isto foi lá por volta de 1920. A escola foi inaugurada em 1925. Atualmente a Escola Estadual José Pretto, fundada em 1958 é o referencial da educação na localidade. A antiga estrada entre Lajeado e Progresso e que passa pela comunidade ainda é percorrida por pessoas que se deslocam a Linha Orlando, Rui Barbosa e Selim. Uma linha de ônibus do Expresso Azul mantêm este trajeto diariamente. A denominação Xaxim segundo os moradores se refere as partes mais altas, onde predomina no mato o Xaxim. Uma das figuras carismática da localidade é Teodósio Zonatto. Com sotaque italiano carregado está sempre aposto para receber os visitantes, principalmente em eventos como a Festa do Frango, do Vinho ou da Padroeira. A propósito, em termos de eventos a comunidade se destaca pelos torneios de futebol organizados pelo Esporte Clube Flamengo e Associação Amigos da Bola e as festas do clube de mães. Também os encontros de jipeiros e trilheiros atraem pessoas de todo o Estado que vão a Xaxim curtir a natureza e o clima de montanha. A altitude é 700 metros e no inverno a geada e a neve são algo comum no local. Alguns fatos que entraram para a história da comunidade: Em 1923 chegou o primeiro carro. Era uma camionete Chevrolet, de propriedade de João Pontin, que pela inexistência de estradas foi puxada por uma junta de bois desde Gramado Xavier. No centro do distrito, que ainda possui telefones com ramal, a Casa Comercial Girardi é local para se colocar as conversas em dia, tomar o ônibus ou realizar compras. Abílio Girardi, há cinquenta anos mantêm o comércio atualmente tocado pelo filho Gerson e família. O tradicional caderno do fiado ainda funciona no armazém. Fica bem próximo a imponente igreja católica, um dos cartões postais da localidade.
A partir da década de 1980, quando houve a saída de diversas famílias para centros maiores, o distrito retrocedeu um pouco mais logo deu a volta por cima. Hoje é um dos maiores produtores de frango da região. Já são mais de 150 aviários em funcionamento e alguns em instalação. “Aqui o nível de vida é muito bom. O pessoal tem casa boa e trabalha muito. Já temos até Internet. O turismo de aventura também já é realidade por aqui. Nosso sonho ainda é a ligação asfáltica com a RS 423, que passa a oito quilômetro de Xaxim”, projeta o comerciante Gerson Girardi.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

LINHA PERAU - MARQUES DE SOUZA


Um lugar no Vale

Linha Perau, Marques de Souza


Dificilmente alguém na região ainda não ouviu falar na Linha Perau. Seja pelo esporte, pelas festas ou ainda pelos campings instalados ás margens do rio Forqueta. Com localização estratégica, próxima a BR-386, a localidade fica á dezesseis quilômetros de Lajeado e a seis da sede de Marques de Souza. Mas a história da comunidade não é recente. Lá pelo ano de 1870, chegavam os primeiros imigrantes. Ainda são lembrados as famílias de pioneiros como Hübner, Beuren, Schmidt, Deves, Dresch, Conrad, Ventz e Fritz. “No início éramos a única ligação de Lajeado com Soledade, pois não existia a BR-386”, relata a professora Dulce Griesang Lammers, que juntamente com o esposo Nilo e a mãe Leonida relembram muitas histórias da comunidade. De acordo com eles, a Casa Comercial Alebrandt era onde as pessoas se encontravam para realizar negócios. Também havia o Salão Auler, local de festas, hoje em ruínas. A estrada de chão, que até por volta de 1960 serviu como principal ligação com a região alta, servindo também como passagem de tropas de gado, foi construída pela força braçal dos colonos. Há 70 anos a ligação para Forqueta em Arroio do Meio, no outro lado do rio era feita através de uma barca. Hoje existem duas pinguelas para a travessia. O primeiro telefone e o primeiro carros foram adquiridos por Albino Bruch em 1945. Outro fato marcante foi a construção da escola, com tijolos e mão de obra doados por Albino Bruch, Alfredo Bruch e Ervino Griesang. Conforme o empresário, Heitor Bruch (57), seu pai Albino, já falecido, lhe relatou que a estrada, ainda hoje de chão batido, era a única ligação de Lajeado com Soledade. “Com a enchente ficou interrompida por vários dias. O comissário Heitor Dias Batista, de origem lusa, passava pela localidade ficando sem ter como ir até Lajeado. Tentou pedir um cavalo emprestado, mas como era proibido falar em alemão por causa da guerra, não foi ouvido por ninguém, pois o pessoal tinha medo de falar com ele. Até que meu pai, lhe disse: aqui o pessoal só fala na língua alemã e tem medo do senhor”, relata. Batista indagou se na escola local não ensinavam português. Albino respondeu que não havia escola na localidade. Espantado, Batista solicitou um cavalo à Albino, indo a Lajeado pedir imediatamente a instalação de uma escola. Surgia a Escola Particular Pero Vaz de Caminha e com ela a primeira edição da Septemberfest em 1942. O evento hoje é coordenado pela Associação de Moradores de Linha Perau que tem como presidente, Élson Griesang (32). A escola encerrou as atividades há cerca de quinze anos, mas a tradição da festa de setembro continua. Atualmente a comunidade conta com cerca de duzentos habitantes que se dedicam a suinocultura, avicultura, comércio de pedras preciosas, tendas coloniais, atacado de alimentos e agroindústrias, com destaque para a produção de embutidos. No lazer, o baile do porco e a septemberfest atraem milhares de pessoas assim como os campings do Germano e Riacho Doce no Rio Forqueta. Moradores de Lajeado também optam pelo lugar com a instalação de sítios para o lazer aos finais de semana. Um dos orgulhos da comunidade é ser terra natal do atual prefeito Rubem Kremer e do ex-prefeito, já falecido, Deonilo Bazzo. A atual rainha da Expomarques, Daiane Bazzo também reside na localidade.
TEXTOS E FOTOS: ALÍCIO DE ASSUNÇÃO

sábado, 7 de novembro de 2009

BAUERECK - FORQUETINHA


A localidade está localizada á quatro quilômetros do centro da cidade e se destaca por ser uma área essencialmente agrícola e residencial, cortada pelo arroio Forquetinha e que abriga também o Parque de Exposições Cristoph Bauer. Conta os historiadores que no Vale do Forquetinha havia uma linha “ Schneise “, “ Pikade”, onde moravam várias famílias Bauer lá pelos idos de 1880. Foi daí que surgiu o nome Bauereck, que na tradução para o idioma português quer dizer a localidade dos Bauer ou seja o rincão dos Bauer. Entre as famílias pioneiras também estão os Reisdörfer, Bündchen, Schwanbach, Strassburger, Winter e Jung. Um dos primeiros moradores foi Christoph Bauer, que chegou a localidade vindo de Picada Café. Construiu sua casa onde hoje é a propriedade de Arno Walter Auler. Christoph, além de agricultor, por volta de 1885, também atuou como professor lecionando em sua própria casa, para os filhos dos pioneiros que haviam se estabelecido em pleno mato fechado a partir de 1880. Com esta nobre missão de ministrar aula, contribuiu com a vida educacional, cultural e religiosa dos filhos nesta nova colônia alemã a “ Deutsch Kolonie”. Na época os pais não admitiam que os filhos ingressassem na fileira dos analfabetos. Pagavam por conta o professor escolhido entre os moradores para assumir essa função, geralmente pessoa com melhores condições. Deveria ter alguns princípios e normas como conduta moral e religiosa exemplar, ter preferência e aptidão para música e canto, ministrar aulas de religião e doutrina, entre outras.
Na sua própria casa, Cristoph Bauer ministrou aula até por volta de 1890. Neste ano construíram a primeira escola do Baureck, lado direito do arroio Forquetinha, em frente o cemitério do Bauereck. Esta foi construída pelos pais, uma escolar comunitária “ Gemeindeschule” sendo que o próprio Christoph Bauer ajudou a construir. A partir deste ano, na escola nova, um novo professor assumiu.
Christoph Bauer além de seu trabalho como agricultor e colaborar como os primeiros moradores lecionando por alguns anos e também investiu no setor industrial, instalando uma olaria de tijolos. Nesta olaria, em 1896, morreu acidentalmente seu filho Karl Bauer.
Christoph Bauer, como a maioria das famílias que vieram do Vale do Caí e dos Sinos para o Vale do Forquetinha, tiveram a influência do pastor Ernst Hermann Doebber, que também era professor e que a partir de 1869 vinha esporadicamente para Conventos. Em 1879 o pastor foi morar definitivamente em Forquetinha e a partir daí nota-se que dezenas de famílias que ele atendia no Vale do Caí e algumas no Vale do Forquetinha, Colônia de Forquetinha e Nova Berlim da Forquetinha passaram a ser atendidas no Bauereck, fazendo com que mais pessoas viessem morar no local. Outro morador que faz parte da história da localidade foi Johann Karl Taffe conhecido como Karl Taffe Fº, filho de Karl Taffe e Philippine Haas. Casou aos 18 anos, em Forquetinha com Maria Elisabeth Musskopf, nascida em 1867, em Bom Jardim. Manteve por muitos anos a Casa Comercial Taffe com moinho, abatedouro de animais, comércio e transportes de cereais, além de produção de laticínios. Era proprietário também do Salão Taffe onde se realizam os bailes de corais. A comunidade também foi sede do Clube de Tiro. Na enchente de 1919 uma tragédia enlutou a comunidade. A família Goerk, pai, mãe e filho, foram vitimas pelas águas do Arroio Forquetinha. Hoje a comunidade se diverte nos eventos proporcionados pelos Corais Amoroso e Cruzeiro e a Sociedade 15 de Novembro.
TEXTOS E FOTOS: ALÍCIO DE ASSUNÇÃO

sábado, 31 de outubro de 2009

ALTO TAMANDUÁ - PROGRESSO


A localidade de Alto Tamanduá está situada em área pertencente ao município de Progresso, já quase na divisa com o município de Marques de Souza. Os primeiros moradores teriam sido as famílias de Antônio Baiano, Francisco Pires, Chico Cordeiro e Emanuel Cordeiro que habitariam o local por volta de 1900. Já em 1920, com a chegada dos imigrantes italianos foi fundada a comunidade católica, tendo como padroeiro a Sagrada Família. Entre os pioneiros, são lembrados as famílias Zagonel, Giovanella, Zeni, Scheibel, Bion e Martinelli. O pároco que atendia na época era Frei Floriano Grien, vindo de Bela Vista do Fão, sendo que as missas eram realizadas nas casas das famílias. Em 1927, foi construída a primeira capela. Em 1950 a atual igreja. A estradas ruins dificultavam o acesso, fazendo com que muitos fossem até a missa à cavalo. O padre vinha num jipe. A comunidade chegou a ter cerca de duzentos moradores na década de 1960. A Escola Santo Inácio foi inaugurada em 1940. Foi nesta escola que o empresário Erino Zagonel, natural da localidade, conheceu a professora Rosinha Bottega com que mais tarde casou. Hoje eles residem em Lajeado. Também são lembrados professores da escola desativada em 1990 como Dério Joanella e Elma Kehl. Outra data importante para a comunidade foi a inauguração do sino da igreja em 22 de abril de 1951. Atualmente radicado no distrito de Tamanduá, o comerciante Valdir Pedro Giovanella recorda dos bons tempos da comunidade. “Lá pó volta de 1978 tínhamos um comércio forte na localidade, com armazém de secos e molhados e transportes de cereais. Eram 64 moradores que residiam na localidade. A produção era tanta que num ano transportamos cerca de oito mil sacas de soja, tudo produzido ali”, recorda. Com o êxodo rural a partir de 1980, a comunidade foi perdendo moradores e hoje só restam quatro famílias associadas a igreja. A economia se resume a plantações de subsistência e aviários. As missas acontecem uma vez por mês. No salão comunitário, a cada dois anos acontece o encontro de ex-moradores. O próximo evento será em 2010.

NAVEGANTES - POUSO NOVO



Na antiga estrada que ligava o município com Arroio do Meio, proximidade de Forqueta Alta e a margem direita do Rio Forqueta, está situada a localidade de Navegantes. Hoje reduzida a não mais que uma dezena de moradores o local oi palco da chegada dos primeiros imigrantes italianos à localidade, dando assim início a formação do município de Pouso Novo. Descendente dos pioneiros, Rubem Mariani, produtor rural ainda reside no local. É ele que nos relata um pouco desta história. Em 1904, vindo de Nova Milano chegava ao local o casal Gilberto e Luiza Mariani, seus avós. “Da juventude sabe-se que Gilberto exercia a profissão de ferreiro, carpinteiro, laçador e agricultor, enquanto Luiza era tecelã. Logo tiveram o primeiro filho Maximino. Depois nasceram Carolina, Augusto, Rosa, João, Pedro, Josefina, Edílio, Albertinho, Maximina, Domingos e Ambrósio. A fonte de renda era a ferraria e a agricultura. Em seguida adquiriram um moinho de trigo e milho, e moíam para toda a região, movimentando a localidade”, relata. A família Mariani sempre foi muito religiosa. “No início não havia capela em Forqueta e quando vinha o padre se rezava a missa na casa de João Basso, sendo que o padre pousava na casa de Gilberto Mariani. Não passou muito tempo para que os moradores de Forqueta construissem nas terras de Gilberto Mariani uma capela tendo como padroeira Nossa Senhora dos Navegantes”. E foi em 2 de fevereiro de 1932 que a capela foi inaugurada com muita uma grande festa e procissão que acabou virando tradição a partir daí durante diversos anos. “Durante a prece não ressoava o sino, se rezava, cantava e se soltava foguetes. A festa continuava o dia todo na várzea de Gilberto onde havia um galpão. Os moradores do outro lado do rio faziam a travessia em uma canoa, para acompanhar as missas, rezas e festas”, relata Rubem.
Rubem também recorda que o avô,os pais e os tios zelavam pela igreja, cemitério, tocavam o sino três vezes ao dia, nas missas e terços e quando do falecimento de alguém. Os casamentos eram celebrados com um dia e uma noite de festa, com muitos convidados. “A vida na família Mariani era união no trabalho, na oração, na troca de idéias e busca de soluções para os problemas. Cultivavam o certo. Foram conselheiros de muita gente que vinha pedir-lhes conselhos nos seus problemas. O avô Gilberto era um homem equilibrado, pacífico e bom. De fato ele era amigo de todos, caprichoso, confiava nos filhos e tinha ordem. Após as colheitas dava uma parte para cada filho para que aprendessem a administrar. Chegando eles a idade de 21 anos eram considerados maiores,adultos e livres e não precisavam mais obedecer a seus pais”, relata o Frei Antônio Luiz Mariani em obra que fala sobre a família. Segundo ele a avó Luiza “era esperta, atenta, sábia, corajosa e orientadora e de visão das coisas. Agia na hora certa, tinha grande convicção. Era uma segurança para toda a família”. Para ele tanto o avô como a avó não eram de luxo e nem de aparecer. “Eram simples e sem vaidade no vestir e no falar. Tinham perspicácia, isto é, conheciam as pessoas nas conversas se eram sinceras ou não. Dificilmente adoeciam. Conheciam os chás. Todas as noites rezavam o terço e a ladainha de Nossa Senhora ajoelhados.Nas refeições faziam a oração em procissão da cozinha para a sala grande. Ensinavam as orações aos filhos e os preparavam para a primeira comunhão”. Luiza faleceu em 1958, com 75 anos de idade. .Gilberto faleceu em 1964, aos 84 anos. Estão sepultados no antigo cemitério da localidade ao lado da igreja que ajudaram a construir. Atualmente Rubem Mariani, a esposa Rose e a filha Morgana lutam pela preservação da história do lugar, seja na conservação da antiga igreja ou na manutenção do cemitério.

VILA STORK - FORQUETINHA


Quem se dirige a sede do município de Forquetinha tem como passagem obrigatória a Vila Stork. Outrora com comércio forte, hoje a localidade possui cerca de duzentos moradores, belas casas e residências antigas conservadas, apresentando-se como bairro residencial e porta de entrada para a cidade, sendo também caminho para quem se desloca a Canudos do Vale ou Sério. Em toda a região a localidade é muito conhecida, principalmente em épocas de cheias. Quando as águas do Arroio Forquetinha encobrem a ponte do Stork, construída em 1973 pelo prefeito de Lajeado , Alípio Hüffner, é sinal que logo em seguida o Forqueta e o Taquari também sofrerão as conseqüências. Mas foi no passado que a localidade teve grandes períodos de desenvolvimento e se tornou conhecida e falada em toda a região. Em 1879, o pastor evangélico Döeber realiza os cultos para poucas famílias que habitavam o local. Mas foi por volta de 1889, com a chegada de Henrique Stork, que em seguida casou com Maria Griesang, vindo de Picada Café, próximo a Nova Petrópolis, que a localidade tomou impulso para o crescimento. A partir de então, a família Stork dava inicio ao movimento comercial. Durante décadas foram os responsáveis por compra, venda e transporte da produção agrícola. “Em 1968 saiu o primeiro carregamento de porcos com destino a São Paulo pela firma de Otto Stork, empresa que depois teve até filial em Campo Branco no interior de Progresso”, relata Vera Schwingel Neukamp (71), moradora da Vila Stork. Ela recorda também de outros integrantes, a maioria agricultores e comerciantes que ajudaram a construir a história da vila. “Era todos Stork, o Balduíno, Alfredo, Bruno, Rodolfo, Guilherme, Felipe, Paulina Sabka, Amália,Otto, Irma, Germano, Henrique Netto e Adolina Stork Schwingell, hoje com 89 anos de idade”.
Moradores atuais como Lurdes Schwingel Verrer (61), Elio Schwingel(64), Vera Schwingel Neukamp (71), Estela Taísa Polis (16), Ingrid Neukamp Polis (47) e Inês Schwingel Feil (41), todos descendentes da família Stork quando se reúnem gostam de recordar de muitas histórias. Segundo eles o salão de baile que funcionou até 1977, o Salão Stork, foi palco de grandes eventos como casamentos, kerbs e carnaval, atraindo pessoas de toda a região. Mas também a localidade sofreu grandes enchentes como a de 1919 onde morreram duas pessoas. A de 1941 foi a maior, mas sem esquecer a mais recente, em 2001 quando também houve muitos estragos. Hoje a localidade clama por asfalto na rodovia que corta a vila, fazendo a ligação da sede com Lajeado. A intensa poeira acaba ofuscando um pouco a beleza de jardins e residências muito bem conservadas. A Sociedade de Cantores Carlos Gomes sedia eventos sociais como bailes e festas de corais.

CAMPO BRANCO - PROGRESSO


A história

A comunidade foi colonizada por imigrantes italianos por volta de 1926, pelos moradores José Ross, Daniel Remonti, Silvério Cerutti, Graciano Pazzini, vindos de Garibaldi e Vergínio Francetto e Jacó Lorenzoni oriundos de Bento Gonçalves. Antes porém há registros de que madeireiros e fazendeiros da região de Soledade ocuparam as extensas áreas de campo por volta de 1856. A primeira escola foi inaugurada em 1936, sendo os primeiros professores João Rigo e Maria Tarelli. Frei Constantino quando realizava uma vez por mês a visita a comunidade aproveitava para ministrar a catequese. Em 1961 era iniciada a construção do campo de futebol, o Internacional que até hoje faz a alegria dos desportistas em competições municipais. Vale lembrar que esta equipe na época de nomes como Germano Stork, Sétimo Battist e Vergíneo Francetto,por volta de 1958 foi campeão municipal de Lajeado. Também neste ano iniciava a construção da nova igreja católica, inaugurada em 1964 com o translado do padroeiro São Pedro desde a capela antiga para o novo local. O distrito que tem hoje cerca de 2500 habitantes teve épocas diversas de prosperidade. Os mais antigos lembram épocas de prosperidade com a existência de olaria onde se fabricavam tijolos e telhas, fábrica e engarrafamento de cachaça, de Alfredo Sopelsa, hotel com dormitório, de Fernando Knipoff, alfaiataria, de Guilherme Battisti e Faustino Branchi, o moinho de trigo de Ferri e Storkn, curtume de Abel Capellari e Angelim Fauri e sapataria de Mérico Alcará que fabricava botas, chinelos e coturnos. Os tempos mudaram, famílias se transferiram para cidades maiores em busca de melhores condições de vida mas as pessoas que continuaram na localidade não desistiram de buscar melhorias. Hoje dois empreendimentos consideradas as maiores empresas do município estão instaladas em Campo Branco. A Mineradora Campo Branco, produtora de água mineral do Campo e a Madeireira Bentec que empregam sessenta funcionários. A luta atual é também pelo asfaltamento de dezoito quilômetros até a sede do município, projeto que deverá ser iniciado em breve. A Escola Estadual Luiz Gonzaga abriga 223 alunos.


Economia: Fumicultura, suinocultura, industria madeireira e água mineral, gado leiteiro e de corte. No distrito localiza-se uma fazenda com cerca de 900 hectares.


Eventos: Torneio de futebol de final de ano, Festa da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e Baile das Margaridas.

Entidades: Esporte Clube Internacional, Escola Estadual Luiz Gonzaga e Comunidade Católica.

O nome: A origem do nome se deve a intensa quantidade de macegas que florescem no mês de janeiro. Devido a grande quantidade de macegas, os campos ficavam brancos, originando assim o nome da localidade.


Asfalto incrementará desenvolvimento

O professor Luis Francetto (60) atua na Escola Estadual Luiz Gonzaga há cerca de 20 anos. Natural da localidade atualmente reside em Lajeado, mas se desloca diariamente para desempenhar suas funções. “Minhas origens estão aqui, por isto gosto muito do lugar, pois meu pai Vergíneo foi um dos colonizadores. Foi uma das lideranças e teve inclusive participação no Combate do Fão em 1932, quando forças revolucionárias passaram pó aqui. O educador guarda consigo (foto) uma portaria assinada pelo sub-delegado de Encantado, autorizando seu pai a buscar os animais levados de moradores pelos combatentes que passaram por ali. Francetto acredita que a chegada do asfalto pode mudar a economia local. “Se ligarmos com Progresso e Barros Cassal vamos nos tornar um centro comercial e a prosperidade retornará a Campo Branco”, projeta.


TEXTOS E FOTOS: Alício de Assunção

BELA VISTA DO FÃO - MARQUES DE SOUZA


A história

Os primeiros desbravadores da localidade hoje conhecida também como a Terra da Bergamota, chegaram por volta de 1895. O local foi escolhido para se montar um acampamento de uma equipe de engenheiros e construtores que pretendiam construir uma estrada de ferro ligando Lajeado a Soledade. O projeto não saiu do papel, mas as marcas estão até hoje na localidade com as quadras e ruas bem definidas. Em seguida colonos imigrantes oriundos da serra gaúcha chegavam ao local dando início a uma história já mais que centenária. Há registros que já por volta de 1856 madeireiros portugueses haviam residido no local. Conforme a historiadora Edacir Poletto Baiocco, natural da localidade, os gringos que chegavam de Caxias do Sul, ao avistarem o lugarejo ladeado pelo Rio Fão, exclamaram “Che Bella Vista”. Nascia então o povoado de Bela Vista. Em 2 de dezembro de 1906 era criado o terceiro distrito de Lajeado, sob o ato número 273 e instalado oficialmente em 10 de janeiro de 1907. Em 1912, o nome mudou para Fão, em 1938 mudou para Vila Fão e em 1º de outubro de 2006 retornou, através de plebiscito à Bela Vista do Fão. Marcos históricos fazem parte da localidade. O Tiro de Guerra. Os Freis Franciscanos vindos da Holanda, que estabeleceram-se em Bela Vista do Fão, pela primeira vez no Estado, em 1932. O livro Brasilien und Wittemberg escrito por Ferdinand Schröder e publicado na Alemanha em 1936 relata a existência de uma igreja luterana que atendia 14 famílias. Hoje a maioria comunga a fé católica. Moradores atuais recordam os bons tempos onde havia hospital, tiro de guerra, farmácia, hotéis. Com o passar do tempo, as gerações mais novas partiram em busca de novas conquistas em outras localidades. Hoje a economia local se baseia na produção de tijolos, com três olarias e no setor primário, com a produção de fumo, milho, suínos e aves, representando cerca de 20% da produção do município. A localidade conta com um posto de combustíveis. Um empreendedor que atua na produção de ovos é considerado o maior produtor rural do município. Cerca de setecentos moradores residem na localidade que está situada a 27 quilômetros da sede.

Eventos: Festa e Baile da Bergamota, Festa de São Roque, Filó e Encenação da Paixão de Cristo e carnaval dos idosos.

Entidades: Clube de Mães, Esporte Clube Guarani, Conselho Pró desenvolvimento e Escola Estadual Frei Antônio.


Curiosidade:
A palavra Fão, aparece já em 1856 numa relação de povoadores da Serra de São Xavier, próximo a Júlio de Castilhos. Trata-se de Serafim de Oliveira Fão. Já em 1889, em Passo Fundo um dos integrantes do Partido Republicano era Antônio Cipriano Fão. Faziam parte de famílias de madereiros. Para historiadores trata-se da incorporação ao sobrenome da localidade de onde as pessoas eram oriundas, um costume português. Fão é uma localidade do litoral de Portugal, a oeste da cidade de Barcelos. Já para o ex-reitor da Feevale, Francisco Assis Stürmer, natural da Barra do Dudulha, o nome Fão tem origem em 1875 quando algumas famílias alemãs migraram para o Brasil e se estabeleceram á beira do rio. Entre elas estavam os Von Reichembach, que deram origem ao nome Fão, pois o vocabulário “Von” teve sua pronuncia alterada para “Fon” e, mais tarde, Fão, como ficou conhecido o lugar”.


Testemunha da história

A agricultora aposentada Maria Zanolla Brunetto, 88 anos, nasceu e passou toda a sua vida na localidade. “Nasci na Barrinha e só me mudei uma vez para me casar”, recorda. Freqüentou até a quinta série na antiga escola. Até hoje guarda seu caderno de ensino religioso onde apresenta uma caligrafia impecável. Lembra que nesta época ajudou a professora Ema Klein a ensinar seus colegas. Mais tarde casou e teve oito filhos o que resultou em quinze netos e onze bisnetos. Hoje, enquanto recorda os tempos de fartura da vila, “onde tínhamos um comércio forte e muito movimento”, a devota de São Roque e Nossa Senhora, ainda faz crochê e lê muito, “principalmente o Informativo do Vale” que chega diariamente a sua casa.


Textos: Alício de Assunção