sábado, 31 de outubro de 2009

ALTO TAMANDUÁ - PROGRESSO


A localidade de Alto Tamanduá está situada em área pertencente ao município de Progresso, já quase na divisa com o município de Marques de Souza. Os primeiros moradores teriam sido as famílias de Antônio Baiano, Francisco Pires, Chico Cordeiro e Emanuel Cordeiro que habitariam o local por volta de 1900. Já em 1920, com a chegada dos imigrantes italianos foi fundada a comunidade católica, tendo como padroeiro a Sagrada Família. Entre os pioneiros, são lembrados as famílias Zagonel, Giovanella, Zeni, Scheibel, Bion e Martinelli. O pároco que atendia na época era Frei Floriano Grien, vindo de Bela Vista do Fão, sendo que as missas eram realizadas nas casas das famílias. Em 1927, foi construída a primeira capela. Em 1950 a atual igreja. A estradas ruins dificultavam o acesso, fazendo com que muitos fossem até a missa à cavalo. O padre vinha num jipe. A comunidade chegou a ter cerca de duzentos moradores na década de 1960. A Escola Santo Inácio foi inaugurada em 1940. Foi nesta escola que o empresário Erino Zagonel, natural da localidade, conheceu a professora Rosinha Bottega com que mais tarde casou. Hoje eles residem em Lajeado. Também são lembrados professores da escola desativada em 1990 como Dério Joanella e Elma Kehl. Outra data importante para a comunidade foi a inauguração do sino da igreja em 22 de abril de 1951. Atualmente radicado no distrito de Tamanduá, o comerciante Valdir Pedro Giovanella recorda dos bons tempos da comunidade. “Lá pó volta de 1978 tínhamos um comércio forte na localidade, com armazém de secos e molhados e transportes de cereais. Eram 64 moradores que residiam na localidade. A produção era tanta que num ano transportamos cerca de oito mil sacas de soja, tudo produzido ali”, recorda. Com o êxodo rural a partir de 1980, a comunidade foi perdendo moradores e hoje só restam quatro famílias associadas a igreja. A economia se resume a plantações de subsistência e aviários. As missas acontecem uma vez por mês. No salão comunitário, a cada dois anos acontece o encontro de ex-moradores. O próximo evento será em 2010.

NAVEGANTES - POUSO NOVO



Na antiga estrada que ligava o município com Arroio do Meio, proximidade de Forqueta Alta e a margem direita do Rio Forqueta, está situada a localidade de Navegantes. Hoje reduzida a não mais que uma dezena de moradores o local oi palco da chegada dos primeiros imigrantes italianos à localidade, dando assim início a formação do município de Pouso Novo. Descendente dos pioneiros, Rubem Mariani, produtor rural ainda reside no local. É ele que nos relata um pouco desta história. Em 1904, vindo de Nova Milano chegava ao local o casal Gilberto e Luiza Mariani, seus avós. “Da juventude sabe-se que Gilberto exercia a profissão de ferreiro, carpinteiro, laçador e agricultor, enquanto Luiza era tecelã. Logo tiveram o primeiro filho Maximino. Depois nasceram Carolina, Augusto, Rosa, João, Pedro, Josefina, Edílio, Albertinho, Maximina, Domingos e Ambrósio. A fonte de renda era a ferraria e a agricultura. Em seguida adquiriram um moinho de trigo e milho, e moíam para toda a região, movimentando a localidade”, relata. A família Mariani sempre foi muito religiosa. “No início não havia capela em Forqueta e quando vinha o padre se rezava a missa na casa de João Basso, sendo que o padre pousava na casa de Gilberto Mariani. Não passou muito tempo para que os moradores de Forqueta construissem nas terras de Gilberto Mariani uma capela tendo como padroeira Nossa Senhora dos Navegantes”. E foi em 2 de fevereiro de 1932 que a capela foi inaugurada com muita uma grande festa e procissão que acabou virando tradição a partir daí durante diversos anos. “Durante a prece não ressoava o sino, se rezava, cantava e se soltava foguetes. A festa continuava o dia todo na várzea de Gilberto onde havia um galpão. Os moradores do outro lado do rio faziam a travessia em uma canoa, para acompanhar as missas, rezas e festas”, relata Rubem.
Rubem também recorda que o avô,os pais e os tios zelavam pela igreja, cemitério, tocavam o sino três vezes ao dia, nas missas e terços e quando do falecimento de alguém. Os casamentos eram celebrados com um dia e uma noite de festa, com muitos convidados. “A vida na família Mariani era união no trabalho, na oração, na troca de idéias e busca de soluções para os problemas. Cultivavam o certo. Foram conselheiros de muita gente que vinha pedir-lhes conselhos nos seus problemas. O avô Gilberto era um homem equilibrado, pacífico e bom. De fato ele era amigo de todos, caprichoso, confiava nos filhos e tinha ordem. Após as colheitas dava uma parte para cada filho para que aprendessem a administrar. Chegando eles a idade de 21 anos eram considerados maiores,adultos e livres e não precisavam mais obedecer a seus pais”, relata o Frei Antônio Luiz Mariani em obra que fala sobre a família. Segundo ele a avó Luiza “era esperta, atenta, sábia, corajosa e orientadora e de visão das coisas. Agia na hora certa, tinha grande convicção. Era uma segurança para toda a família”. Para ele tanto o avô como a avó não eram de luxo e nem de aparecer. “Eram simples e sem vaidade no vestir e no falar. Tinham perspicácia, isto é, conheciam as pessoas nas conversas se eram sinceras ou não. Dificilmente adoeciam. Conheciam os chás. Todas as noites rezavam o terço e a ladainha de Nossa Senhora ajoelhados.Nas refeições faziam a oração em procissão da cozinha para a sala grande. Ensinavam as orações aos filhos e os preparavam para a primeira comunhão”. Luiza faleceu em 1958, com 75 anos de idade. .Gilberto faleceu em 1964, aos 84 anos. Estão sepultados no antigo cemitério da localidade ao lado da igreja que ajudaram a construir. Atualmente Rubem Mariani, a esposa Rose e a filha Morgana lutam pela preservação da história do lugar, seja na conservação da antiga igreja ou na manutenção do cemitério.

VILA STORK - FORQUETINHA


Quem se dirige a sede do município de Forquetinha tem como passagem obrigatória a Vila Stork. Outrora com comércio forte, hoje a localidade possui cerca de duzentos moradores, belas casas e residências antigas conservadas, apresentando-se como bairro residencial e porta de entrada para a cidade, sendo também caminho para quem se desloca a Canudos do Vale ou Sério. Em toda a região a localidade é muito conhecida, principalmente em épocas de cheias. Quando as águas do Arroio Forquetinha encobrem a ponte do Stork, construída em 1973 pelo prefeito de Lajeado , Alípio Hüffner, é sinal que logo em seguida o Forqueta e o Taquari também sofrerão as conseqüências. Mas foi no passado que a localidade teve grandes períodos de desenvolvimento e se tornou conhecida e falada em toda a região. Em 1879, o pastor evangélico Döeber realiza os cultos para poucas famílias que habitavam o local. Mas foi por volta de 1889, com a chegada de Henrique Stork, que em seguida casou com Maria Griesang, vindo de Picada Café, próximo a Nova Petrópolis, que a localidade tomou impulso para o crescimento. A partir de então, a família Stork dava inicio ao movimento comercial. Durante décadas foram os responsáveis por compra, venda e transporte da produção agrícola. “Em 1968 saiu o primeiro carregamento de porcos com destino a São Paulo pela firma de Otto Stork, empresa que depois teve até filial em Campo Branco no interior de Progresso”, relata Vera Schwingel Neukamp (71), moradora da Vila Stork. Ela recorda também de outros integrantes, a maioria agricultores e comerciantes que ajudaram a construir a história da vila. “Era todos Stork, o Balduíno, Alfredo, Bruno, Rodolfo, Guilherme, Felipe, Paulina Sabka, Amália,Otto, Irma, Germano, Henrique Netto e Adolina Stork Schwingell, hoje com 89 anos de idade”.
Moradores atuais como Lurdes Schwingel Verrer (61), Elio Schwingel(64), Vera Schwingel Neukamp (71), Estela Taísa Polis (16), Ingrid Neukamp Polis (47) e Inês Schwingel Feil (41), todos descendentes da família Stork quando se reúnem gostam de recordar de muitas histórias. Segundo eles o salão de baile que funcionou até 1977, o Salão Stork, foi palco de grandes eventos como casamentos, kerbs e carnaval, atraindo pessoas de toda a região. Mas também a localidade sofreu grandes enchentes como a de 1919 onde morreram duas pessoas. A de 1941 foi a maior, mas sem esquecer a mais recente, em 2001 quando também houve muitos estragos. Hoje a localidade clama por asfalto na rodovia que corta a vila, fazendo a ligação da sede com Lajeado. A intensa poeira acaba ofuscando um pouco a beleza de jardins e residências muito bem conservadas. A Sociedade de Cantores Carlos Gomes sedia eventos sociais como bailes e festas de corais.

CAMPO BRANCO - PROGRESSO


A história

A comunidade foi colonizada por imigrantes italianos por volta de 1926, pelos moradores José Ross, Daniel Remonti, Silvério Cerutti, Graciano Pazzini, vindos de Garibaldi e Vergínio Francetto e Jacó Lorenzoni oriundos de Bento Gonçalves. Antes porém há registros de que madeireiros e fazendeiros da região de Soledade ocuparam as extensas áreas de campo por volta de 1856. A primeira escola foi inaugurada em 1936, sendo os primeiros professores João Rigo e Maria Tarelli. Frei Constantino quando realizava uma vez por mês a visita a comunidade aproveitava para ministrar a catequese. Em 1961 era iniciada a construção do campo de futebol, o Internacional que até hoje faz a alegria dos desportistas em competições municipais. Vale lembrar que esta equipe na época de nomes como Germano Stork, Sétimo Battist e Vergíneo Francetto,por volta de 1958 foi campeão municipal de Lajeado. Também neste ano iniciava a construção da nova igreja católica, inaugurada em 1964 com o translado do padroeiro São Pedro desde a capela antiga para o novo local. O distrito que tem hoje cerca de 2500 habitantes teve épocas diversas de prosperidade. Os mais antigos lembram épocas de prosperidade com a existência de olaria onde se fabricavam tijolos e telhas, fábrica e engarrafamento de cachaça, de Alfredo Sopelsa, hotel com dormitório, de Fernando Knipoff, alfaiataria, de Guilherme Battisti e Faustino Branchi, o moinho de trigo de Ferri e Storkn, curtume de Abel Capellari e Angelim Fauri e sapataria de Mérico Alcará que fabricava botas, chinelos e coturnos. Os tempos mudaram, famílias se transferiram para cidades maiores em busca de melhores condições de vida mas as pessoas que continuaram na localidade não desistiram de buscar melhorias. Hoje dois empreendimentos consideradas as maiores empresas do município estão instaladas em Campo Branco. A Mineradora Campo Branco, produtora de água mineral do Campo e a Madeireira Bentec que empregam sessenta funcionários. A luta atual é também pelo asfaltamento de dezoito quilômetros até a sede do município, projeto que deverá ser iniciado em breve. A Escola Estadual Luiz Gonzaga abriga 223 alunos.


Economia: Fumicultura, suinocultura, industria madeireira e água mineral, gado leiteiro e de corte. No distrito localiza-se uma fazenda com cerca de 900 hectares.


Eventos: Torneio de futebol de final de ano, Festa da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e Baile das Margaridas.

Entidades: Esporte Clube Internacional, Escola Estadual Luiz Gonzaga e Comunidade Católica.

O nome: A origem do nome se deve a intensa quantidade de macegas que florescem no mês de janeiro. Devido a grande quantidade de macegas, os campos ficavam brancos, originando assim o nome da localidade.


Asfalto incrementará desenvolvimento

O professor Luis Francetto (60) atua na Escola Estadual Luiz Gonzaga há cerca de 20 anos. Natural da localidade atualmente reside em Lajeado, mas se desloca diariamente para desempenhar suas funções. “Minhas origens estão aqui, por isto gosto muito do lugar, pois meu pai Vergíneo foi um dos colonizadores. Foi uma das lideranças e teve inclusive participação no Combate do Fão em 1932, quando forças revolucionárias passaram pó aqui. O educador guarda consigo (foto) uma portaria assinada pelo sub-delegado de Encantado, autorizando seu pai a buscar os animais levados de moradores pelos combatentes que passaram por ali. Francetto acredita que a chegada do asfalto pode mudar a economia local. “Se ligarmos com Progresso e Barros Cassal vamos nos tornar um centro comercial e a prosperidade retornará a Campo Branco”, projeta.


TEXTOS E FOTOS: Alício de Assunção

BELA VISTA DO FÃO - MARQUES DE SOUZA


A história

Os primeiros desbravadores da localidade hoje conhecida também como a Terra da Bergamota, chegaram por volta de 1895. O local foi escolhido para se montar um acampamento de uma equipe de engenheiros e construtores que pretendiam construir uma estrada de ferro ligando Lajeado a Soledade. O projeto não saiu do papel, mas as marcas estão até hoje na localidade com as quadras e ruas bem definidas. Em seguida colonos imigrantes oriundos da serra gaúcha chegavam ao local dando início a uma história já mais que centenária. Há registros que já por volta de 1856 madeireiros portugueses haviam residido no local. Conforme a historiadora Edacir Poletto Baiocco, natural da localidade, os gringos que chegavam de Caxias do Sul, ao avistarem o lugarejo ladeado pelo Rio Fão, exclamaram “Che Bella Vista”. Nascia então o povoado de Bela Vista. Em 2 de dezembro de 1906 era criado o terceiro distrito de Lajeado, sob o ato número 273 e instalado oficialmente em 10 de janeiro de 1907. Em 1912, o nome mudou para Fão, em 1938 mudou para Vila Fão e em 1º de outubro de 2006 retornou, através de plebiscito à Bela Vista do Fão. Marcos históricos fazem parte da localidade. O Tiro de Guerra. Os Freis Franciscanos vindos da Holanda, que estabeleceram-se em Bela Vista do Fão, pela primeira vez no Estado, em 1932. O livro Brasilien und Wittemberg escrito por Ferdinand Schröder e publicado na Alemanha em 1936 relata a existência de uma igreja luterana que atendia 14 famílias. Hoje a maioria comunga a fé católica. Moradores atuais recordam os bons tempos onde havia hospital, tiro de guerra, farmácia, hotéis. Com o passar do tempo, as gerações mais novas partiram em busca de novas conquistas em outras localidades. Hoje a economia local se baseia na produção de tijolos, com três olarias e no setor primário, com a produção de fumo, milho, suínos e aves, representando cerca de 20% da produção do município. A localidade conta com um posto de combustíveis. Um empreendedor que atua na produção de ovos é considerado o maior produtor rural do município. Cerca de setecentos moradores residem na localidade que está situada a 27 quilômetros da sede.

Eventos: Festa e Baile da Bergamota, Festa de São Roque, Filó e Encenação da Paixão de Cristo e carnaval dos idosos.

Entidades: Clube de Mães, Esporte Clube Guarani, Conselho Pró desenvolvimento e Escola Estadual Frei Antônio.


Curiosidade:
A palavra Fão, aparece já em 1856 numa relação de povoadores da Serra de São Xavier, próximo a Júlio de Castilhos. Trata-se de Serafim de Oliveira Fão. Já em 1889, em Passo Fundo um dos integrantes do Partido Republicano era Antônio Cipriano Fão. Faziam parte de famílias de madereiros. Para historiadores trata-se da incorporação ao sobrenome da localidade de onde as pessoas eram oriundas, um costume português. Fão é uma localidade do litoral de Portugal, a oeste da cidade de Barcelos. Já para o ex-reitor da Feevale, Francisco Assis Stürmer, natural da Barra do Dudulha, o nome Fão tem origem em 1875 quando algumas famílias alemãs migraram para o Brasil e se estabeleceram á beira do rio. Entre elas estavam os Von Reichembach, que deram origem ao nome Fão, pois o vocabulário “Von” teve sua pronuncia alterada para “Fon” e, mais tarde, Fão, como ficou conhecido o lugar”.


Testemunha da história

A agricultora aposentada Maria Zanolla Brunetto, 88 anos, nasceu e passou toda a sua vida na localidade. “Nasci na Barrinha e só me mudei uma vez para me casar”, recorda. Freqüentou até a quinta série na antiga escola. Até hoje guarda seu caderno de ensino religioso onde apresenta uma caligrafia impecável. Lembra que nesta época ajudou a professora Ema Klein a ensinar seus colegas. Mais tarde casou e teve oito filhos o que resultou em quinze netos e onze bisnetos. Hoje, enquanto recorda os tempos de fartura da vila, “onde tínhamos um comércio forte e muito movimento”, a devota de São Roque e Nossa Senhora, ainda faz crochê e lê muito, “principalmente o Informativo do Vale” que chega diariamente a sua casa.


Textos: Alício de Assunção