domingo, 7 de novembro de 2010

ARAGUARI - FORQUETINHA





Conhecido desde 1896, com a chegada dos primeiros imigrantes alemães, como Neu Deustschland, ou seja Nova Alemanha, a localidade situada á cerca de doze quilômetros da sede do município, recebeu a denominação de Araguari, em função da segunda guerra mundial em 1945, quando foram proibidos nomes estrangeiros. Conforme o historiador e hoje prefeito do município, Waldemar Richter, o nome Araguari é de origem indígena e foi imposto pelo governo federal. Próximos da localidade, também existem comunidades com nomes de Araguari, em Canudos do Vale e Sério. De acordo com pesquisas de Richter entre os primeiros colonizadores constavam sobrenomes como Leonhardt, Ludwig, Mayer, Radtke. Há registros de colonizadores, como a família Dhamer, chegando por volta de 1896, na região mais baixa da localidade. Já no alto das montanhas, um grupo de famílias aportou em 1910. A Escola Municipal Castro Alves funcionou até a década de 1980. João Ivo Bald, hoje com 82 anos, foi um dos primeiros professores.
A economia atual se baseia na produção primária, com destaque para o cultivo do milho para silagem, fumicultura, criação de gado leiteiro e chiqueirões. A altitude em torno de 400 metros acima do nível do mar proporciona, além de temperaturas amenas, a visualização de belas paisagens, especialmente da região cortada pelos Arroios Nova Alemanha e Forquetinha. Por ser uma região montanhosa, existem dificuldades para captação de sinais de internet e celular. Cerca de trinta pessoas residem na localidade, entre elas as famílias Prass, Müller, Veruck, Heid, Bald, Radtke e Ludwig. A fé é professada na única igreja da localidade. Construída em estilo enxaimel, uma característica da cultura alemã, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), realiza cultos mensais. O ponto de encontro da comunidade para festas, reuniões e bailes é a Sociedade Neu Deustschland, fundada em 1916 e que teve como primeiro presidente, Fhillip Bast.
Uma propriedade rural chama a atenção na localidade de Araguari. A família Quinot composta por cinco pessoas alia tecnologia com produtividade através de uma administração considerada modelo no município. Os Quinot se especializaram em produzir leite e fumo cultivado de forma orgânica sem uso de elementos químicos. Um plantel de 40 vacas produz, em média, 350 litros de leite diariamente além do mais recente investimento, um chiqueirão com 500 suinos. Na lavoura de fumo foram colhidos na última safra 70 mil pés. Todo o fumo colhido neste ano é orgânico. “Não é utilizado nenhum produto químico, como adubo ou venenos. Tudo tem que ser de forma natural. A adubação é feita com o esterco das vacas e não é usado nenhum tipo de veneno", relata Sérgio que colhe também os resultados na hora de comercializar o tabaco. “Este fumo, embora dê mais trabalho em função de termos que capinar as ervas daninhas e inços vale cinquenta por cento a mais que o preço pago pelo fumo tradicional”. Cinco pessoas trabalham na área: Sérgio e a esposa Loiva, um filhos solteiro Marcelo, e o filho André, casado com Cristiane. Com eles mora ainda o neto Gabriel, de 6 anos. “Nasci aqui, apostamos na localidade e não trocamos Araguari por nenhum outro lugar. Aqui é ótimo para viver”, afirma Sérgio.

sábado, 30 de outubro de 2010

ALTA PICADA SERRA - PROGRESSO





Quem circula pela RS-423, que liga a sede do município com a BR-386, tem a atenção chamada quando passa pela localidade que está situada no quilômetro quinze da rodovia. A altitude de 540 metros em relação ao nível do mar, além de resultar em temperaturas amenas a maior parte do ano, proporciona vistas deslumbrantes. O nascer e o por do sol, a neblina quase que diária e a vista panorâmica dos vales do Rio Fão e Forqueta, formam um cenário digno de cartão postal. O local recebeu os primeiros imigrantes italianos, vindos de Garibaldi por volta de 1910. Das famílias pioneiras Rosseti, Heinecke, Broilo, Petrini, Arthus, Bazzo, Villa, Naraboldi e outros, boa parte dos descendentes ainda continuam por lá. Um dos imigrantes, Maximiliano Villa veio direto da Itália para a localidade. A denominação de Alta Picada Serra, se origina por ser vizinha de Picada Serra, em Marques de Souza, e logicamente ter uma altitude maior que esta. Uma das heranças da imigração italiana é a religião católica. A fé é professada no salão da comunidade durante as missas proferidas pelo Frei Milton Backes da Paróquia de Bela Vista do Fão. Santo Expedito, o santo das causas impossíveis é o padroeiro da comunidade. Todos os anos, no mês de abril, acontece a festa e procissão num capitel em forma de pipa de vinho, outra tradição herdada. Cerca de duzentos moradores residem na picada, dedicando-se ao setor primário como a fumicultura, aviários, produção de mel e criação de gado leiteiro. Desativada no início deste ano, por muitas décadas foi referência a escola municipal Marcílio Dias. O Clube de Mães Recanto Verde reúne as senhoras da comunidade. Nos finais de semana, o ponto de encontro é salão da comunidade, onde acontecem as festas e bailes. Ao lado, está o campo do Esporte Clube São João, presidido por Valmir da Cruz. É o representante local no campeonato municipal de futebol amador. Entre os moradores, estão as famílias Bazzo, Villa e Arthus. “Este lugar é maravilhoso, estamos as margens de uma rodovia asfaltada, com fácil acesso, as terras são boas, pois em grande parte estão em áreas planas e as pessoas trabalham muito e vivem em harmonia”, afirma Jurema Villa Bazzo. O neto Robson Arthus (15) se destaca como músico. Além da carreira solo, é também integrante do conjunto tradicionalista Garotos do Pampa, que anima bailes pela região. E quando fala no neto, a avó se enche de orgulho. “Ele aprende muito fácil. Além do violão, toca guitarra, gaita e agora aprendeu bateria”. A comunidade só tem uma reclamação. Embora tenham asfalto e celular, a internet ainda não chegou por lá. Diversos moradores possuem computador, mas não conseguem se conectar com o mundo. “Quem sabe alguém dá uma atenção especial para nós”, exclama Robson, que quando necessita alguma informação sobre a área musical, necessita se deslocar até a sede do município.

domingo, 3 de outubro de 2010

LINHA SÃO JOÃO - TRAVESSEIRO





A localidade de Linha São João está situada a cerca de quatorze quilômetros da sede do município, ás margens da estrada municipal que liga Travesseiro a Barra do Fão e que serve também como desvio do pedágio da BR-386. Na história da comunidade um fato ainda hoje é lembrado por alguns moradores, embora por algum tempo tenha sido considerado tabu. Num cemitério abandonado próximo a estrada, estão três sepulturas de seguidores dos Muckers, entre eles o de Jacó das Mulas. A revolta dos Muckers ocorreu entre 1868 e 1874 em São Leopoldo, a primeira colônia alemã fundada no Rio Grande do Sul. A revolta envolveu imigrantes alemães que se reuniram em torno do curandeiro João Jorge Maurer e de sua mulher Jacobina, inicialmente para obter esclarecimentos e, mais tarde, com fins religiosos: acreditavam-se eleitos por Deus para fundar na terra uma nova era, e começaram a trabalhar concretamente neste sentido. Perseguidos por autoridades locais, foram presos, mas libertados por falta de provas condenatórias. Alguns deles acabaram vindo para o Vale do Taquari.
Entres estes, estão os que haviam se refugiado em Picada May, na então Colônia Bastos, hoje pertencente ao município de Marques de Souza e que sem seguida chegaram a Linha São João, onde se refugiaram, além de Jacó das Mulas, João Jorge Maurer, Pedro Arend, João Daniel, Henrique e Jacó Noé, Nicolau Fuchs e Daniel Arend. Numa das lápides do cemitério, corroída pele tempo é possível se ler uma inscrição em alemão de uma citação preferida de Jacobina: “Estreita é a porta, apertada é o caminho da vida e poucos o seguirão”. Conforme Milton Bruch, proprietário da área, haviam mais sepulturas. Porém a ação do tempo e a retirada de material por pesquisadores, segundo ele, acabou reduzindo o cemitério a poucas sepulturas. Outras foram soterradas. Ele recorda que quando era criança brincava entre os jazigos. Conhece muito bem a história dos conflitos e a saga dos seguidores de Jacobina. Seu bisavô, era primo de Jacó Mula, que está enterrado no cemitério. Cerca de cinquenta moradores residem na localidade onde se dedicam a atividades como criação de gado leiteiro, fumicultura, avicultura e suinocultura. O Rio Forqueta, que corta toda a localidade, proporciona excelentes áreas de lazer. O ponto de encontro da localidade é o ginásio de esportes do Esporte Clube São. Ao lado o campo de futebol onde acontecem torneios esportivos. A tradição dos colonizadores alemães é mantida pela realização dos bailes de Kerbs. Uma das reivindicações da comunidade é construção de uma nova pinguela sobre o Rio Forqueta, já que na enchente do início deste ano, a única ligação desta comunidade com o distrito de Tamanduá em Marques de Souza, foi destruída. A pinguela permitia que moradores acessassem mais rapidamente a BR-386.
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domingo, 26 de setembro de 2010

SOBRADINHO - MARQUES DE SOUZA



Situada a 1,5 quilômetro da RS 423 e a mesma distância da BR-386, está a localidade de Sobradinho, no interior de Marques de Souza. Um lugar em que grande parte da natureza está intocável. A velha estrada de chão batido construída na gestão do prefeito de Lajeado, Darci Coberlini, leva os visitantes a vislumbrar belas paisagens como cascatas, araucárias e cercas de pedras ou taipas, como são chamadas as construções que dividem algumas propriedades. O casal Ivo Luiz Frozza (58), natural da localidade, e Clélia Bonassina Frozza (57), natural de Alto Tamanduá, juntamente com o filho Natan (15), administram um propriedade rural na pequena localidade que conta com cerca de sessenta habitantes e que tem na produção de fumo, avicultura, vinho, mel e gado leiteiro o sustento das famílias. Frozza é neto do imigrante italiano Albino, que chegou ao local por volta de 1910 com outras famílias como Kerber, Scheuermann e Giongo. Hoje além destes descendentes são encontrados sobrenomes como Machado, Oliveira, Ribar, Bazzo, Martinelli, Possamai e Back, entre outros. O local de lazer da comunidade é a sede do Esporte Clube Independente, onde além do futebol, os associados tem a disposição a cancha de bocha e espaço para o carteado. È neste local, que a família Frozza recorda dos grandes acontecimentos sociais da localidade como os chás do Clube de Mães Três Marias e a Festa da Cana. Referente a origem do nome da localidade, a família Frozza diz saber que se originou em função do time de futebol. “Nossa equipe sempre sobrava e ficava de fora nos torneios de futebol, daí se originou “Sobradinho”, atesta Ivo. A Sociedade de Água Picada Serra-Sobradinho, presidida por Claudino Bazzo, garante o abastecimento dos moradores. Para a comunicação, o telefone celular torna-se indispensável. A Escola Municipal Miriam de Menezes está desativada há muitos anos. Os alunos freqüentam as escolas do distrito de Tamanduá e da sede do município. Uma das carências da comunidade é a falta de transporte coletivo para a sede do município.
De acordo com Ivo Frozza, além da agricultura, a localidade começa a despontar como área de lazer e de turismo. “É um lugar muito bom para viver, com ar puro, muitas matas, clima de montanha, cascatas, belas paisagens e que começa a chamar atenção de investidores que estão adquirindo áreas para sítio e também visando a construção de pousadas.

domingo, 12 de setembro de 2010

SELIM - PROGRESSO



Há pouco menos de um quilômetro da ERS-423 que liga a sede do município com a BR-386 está Selim. O significado da denominação, segundo os moradores, seria em função do utensílio usado nas montarias dos primeiros moradores que chegaram a localidade por volta de 1913. As famílias, oriundas de Garibaldi, eram representadas pelos sobrenomes Bergonsi, Tomazi, Maffi e Draghetti. Conforme pesquisa do Frei Albano Bohn, o Santo padroeiro escolhido foi São João Batista, porque na comunidade haviam muitas pessoas com o nome de João. A primeira capela foi construída em 1913. A pregação da catequese foi iniciada por Joana Obeci Borelli, segundo depois por seu filho Lázaro. A escola junto a capela foi fundada em 1924 e teve como primeiro professor, José Fernandes. Em 5 de janeiro de 1943 foi fundada a cruzada eucarística. Já em primeiro de abril de 1943 foi instalada a Via-Sacra na Capela. Em junho de 1958 começou a circular, uma capelinha de Nossa Senhora visitadora. A comunidade também gerou religiosos como o padre Tercílio José Tomazi, filho de Antonio e Maria Tomazi; padre Frei Clemente Borelli, filho de Lázaro e Adélia Borelli; Irmã Teresinha Mantelli, filha de Ernesto e Ignes Teodalinda Mantelli; Irmã Albina Rossetti, filha de Bôrtolo e Teresina Nicolini Rossetti e irmã Renilda Borelli, filha de Jacó e Cândida Borelli. O primeiro comerciante foi José Battisti. Atualmente a localidade conta com 35 habitantes, a maioria dedicado-se a produção primária, com destaque para a criação de gado leiteiro, avicultura e suinocultura. “É um ótimo lugar para viver, pois pode até faltar alguma coisa, mas temos a tranquilidade do interior e podemos produzir quase tudo o que consumimos”, destaca Ivã Borelli (48) que ao lado da esposa Marlene Bianchini Borelli (49) tem uma propriedade na localidade. Dos três filhos do casal, Cassiano permanece ajudando a família e Rocheli e Bruna residem e estudam em Lajeado. A internet também já chegou ao local. O telefone celular também está presente na maioria das residências. A altitude de 600 metros em relação ao nível do mar pega proporciona clima ameno e geadas fortes no inverno. Nos eventos o destaque fica para a festa do padroeiro São João Batista e do clube de mães. O salão da comunidade é o ponto de encontro aos finais de semana, onde os moradores colocam os assuntos em dia, tomam uma cerveja e disputam jogos de bocha e o carteado, onde o quatrilho é o mais procurado. Entre os sobrenomes de famílias residentes atualmente estão Borelli, Calvi, Schmidt, Marque, Boni, Tomasi, Casanova, Giovanella, Bergonsi e Lago.

sábado, 4 de setembro de 2010

PICADA MAY - MARQUES DE SOUZA




Cortada pela BR-386, a localidade está situada á doze quilômetros da sede do município no caminho em direção a Pouso Novo. Colonizada por volta de 1878 por imigrantes alemães, Picada May, abrigou diversas famílias remanescentes de Muckers que vieram da região de Sapiranga no final do século dezenove. Astor Fuchs (54) é bisneto de João Pedro Fuchs, descendente de Muckers. Ele afirma que seu pai, Carlos Fuchs, já falecido, relatou muitas histórias sobre episódios envolvendo os Muckers. Uma delas é que seu avô conseguiu escapar de um massacre vivendo escondido nos matos da região por cerca de dez anos. Astor juntamente com a esposa Dolores (53) administra o Camping da Pedra, uma bela área de lazer junto ao Rio Forqueta. Freqüentado por veranistas de todo o Estado, o local chega a receber 400 usuários em finais de semana na alta temporada. Um museu criado pela família também estará a disposição para visitação no próximo veraneio. Sobre nome da localidade Astor destaca que é em função de ter sido fundada no mês de maio. Durante muitos anos, a Escola Felipe Santos foi a instituição de ensino da comunidade. Entre os professores que passaram por lá, Astor recorda de Marino Neitzke, Elemar Spiecker, Valdir Marasca, José Arno Keil e a professora Fraia. O ponto de encontro é a sede do Grêmio Esportivo Picada May, onde se pratica o futebol e jogos de bocha, além de eventos como o Nach Kerb, baile de idosos e a festa do Clube de Mães Sete de Setembro que acontece no próximo domingo. Há muitos anos os bailes aconteciam no Salão Schmidt, já desativado. Na localidade está situado um dos pedágios da BR-386. A produção primária movimenta a economia com destaque para aviários, agricultura, suinocultura e gado leiteiro. Na localidade também está um dos pontos mais tradicionais da gastronomia do interior do Estado. O Restaurante Café Colonial, administrado pela família Stacke há quarenta anos, se destaca pela variedade e qualidade de produtos colocados à mesa e por ser freqüentado por clientes de todo o Estado e Santa Catarina. A comunidade atual é composta pro cerca de 150 pessoas entre elas as famílias Heineck, Henicka, Noé, Spiecker, Dhamer, Fuchs, Mauer, Renner, Pereira, Datsch, Gross, Becker, Dresch, Gross, Keil, Stacke, Schneider, Zagonel, Schwin, Souza, Gall, Dhein e Venter, entre outras. “Um ótimo lugar para viver, onde as pessoas se conhecem e se ajudam. Embora tenhamos residência em Lajeado, fazemos questão de passar a maior parte do ano na Picada May, pois aqui somos felizes”, destacam o casal Astor e Dlores Fuchs.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PICADA TAQUARI - POUSO NOVO



Picada Taquari – Pouso Novo

Colonizada por descendentes de imigrantes italianos vindos de municípios da serra gaúcha como Garibaldi, Carlos Barbosa e Farroupilha, por volta de 1910, a localidade está situada há dez quilômetros da sede do município ás margens da BR-386. Anteriormente era conhecida como Cordilheira, sendo habitada por madeireiros descendentes de portugueses. Entre os pioneiros da colonização são lembradas as famílias de Genuíno Ferrari, Angelin Barbieri, Severino Carlesso, Abel Passaia, Jacó Paludo, Pedro Paludo, Ângelo Pedrebon, Ernesto Paludo, Ivo Paludo, João Maia e Orestes Bonacina, entre outros. Já na entrada da localidade, um marco de uma pequena comunidade, a casa comercial de Genuíno Gottardi fundada em 1968, onde a população se abastece de mantimentos. Ivo Valmórbida (61), reside na localidade há 45 anos. Juntamente com a esposa Teresinha (59) mantêm uma propriedade onde se destaca a plantação de milho, criação de gado de leite e chiqueirão. “Fui construtor de casas durante 30 anos, mas meu negócio é mesmo o setor primário”, afirma Ivo que também destaca que tem que se diversificar a produção para não ficar na dependência apenas de uma fonte de renda. De acordo com ele, residem na localidade em torno de oitenta pessoas. “Poderia ter mais gente por aqui, mas os mais novos acabam indo embora em busca de emprego e por aqui só permanecem os pais. Mas de um tempo para cá com os incentivos que a prefeitura tem concedido, vejo que alguns jovens tem permanecido por aqui”, relata. O padroeiro da comunidade é São João Batista, venerado na igreja onde acontece missa uma vez por mês. Em julho acontece a festa do padroeiro. Outros eventos em destaque são o baile do milho, Festa dos Reis e o jantar baile. A Escola Picada Taquari é o local onde estudantes freqüentam até a oitava série. O Esporte Clube Sete de Setembro era a opção para o futebol de final de semana. Com a saída dos jovens para outros centros, acabou desativado. A economia local é tocada pela suinocultura, gado leiteiro, pesque-pague e produção primária. A região que é cercada por morros tem no celular uma ferramenta indispensável para a comunicação. “Um ótimo lugar para viver. O pessoal é muito unido, trabalhador, respeitador e que gosta de morar aqui”, afirma Ivo Valmórbida. Entre os moradores atuais, são citadas as famílias Trombini, Paludo, Radaelli, Simaroschi, Piovezani, Passaia e Gottardi.

domingo, 22 de agosto de 2010

LINHA BASTOS - MARQUES DE SOUZA






A localidade está situada há cerca de cinco quilômetros da sede do município, fazendo divisa com Linha Orlando e Tamanduá, ás margens da BR-386 e cortada em toda a sua extensão pela antiga estrada municipal que ligava Lajeado a Soledade. Um lugar muito atraente, de um lado morros verdejantes, de outro o Rio Forqueta e as várzeas que compõe um dos vales mais férteis do Brasil. De acordo com o historiador José Alfredo Schierhold, a localidade foi fundada em 1879 pela empresa Bastos, Klenzen & Cia. Entre os primeiros colonizadores se destacaram remanescentes dos Muckers. Entre os atuais 150 moradores está a família Stacke. Alcírio (63), Dárci (62), Cristiane (28) e Claudione (33) afirmam que a localidade é muito boa para se viver. “Estamos perto de tudo, á beira do asfalto, e com terras muito boas em que se plantando tudo dá”, afirma Alcírio que é muito atuante com sua esposa na comunidade, sendo também porta bandeiras da Sociedade de Cantores Unidos, o grupo de canto da comunidade, que é composto por doze integrantes e que foi fundado em 24 de fevereiro de 1965. O regente da entidade é Renildo Müller e o presidente, Sérgio Röhrig. Alcírio também preside a Sociedade de Água, que abastece trinta e cinco famílias. A esposa Darci recorda com muitas saudades os bailes do salão de Raimundo Stacke. “Era um local muito bom e a gente se divertia muito”. Os encontros de final de semana, para o carteado e a bocha, acontecem na Sociedade Unidos. A Escola Municipal Antônio Bastos foi desativada em 1994. Hoje os estudantes se dirigem a sede e Tamanduá. Na economia os destaques de Linha Bastos estão na produção primária, com o cultivo de hortifrutigranjeiros, cana de açúcar, milho e soja, as agroindústrias Gross, na produção de carnes e Costa Nobre com a produção de cachaça artesanal e melado. No lazer o Camping do Palm Hepp foi um dos primeiros da região, criado há mais de vinte anos. Atingido pela enxurrada de 4 de janeiro, em breve deverá voltar a receber veranistas de todo o Estado. A festa dos Corais realizada anualmente atraiu grupos de canto de toda a região. Um grupo da terceira idade deve ser criado em breve na localidade que também é servida pelo serviço de internet via rádio. Entre os moradores atuais estão as famílias Stacke, Hepp, Kohlrausch, Mertz, Bruch, Gross, Keller, Neitzke, Heifler, Santos, Castro, Wassen, Brenner, Haustein, Mallmann, Kraemer, Lohmann, Kunz, Oliveira, Lazzaron, Xavier e outros.



Fotos Alício de Assunção

sábado, 14 de agosto de 2010

TIRIRICA - PROGRESSO





Situada há cerca de seis quilômetros da sede do município, a localidade é acessada
pela RS-423, de onde se distância quatro quilômetros por estrada não pavimentada. De acordo com pesquisa realizada pelo Frei Albano Bohn, os primeiros moradores foram João Dell`Osbel e Catarina Salton Dell`Osbel, vindos de Alfredo Chaves, hoje Veranópolis. A primeira imagem de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da comunidade, presente na igreja católica foi doada por Longino Dell`Osbel. A capela e depois uma igreja foram construídas por volta de 1900. O catecismo era lecionado no dialeto Vêneto por Catarina Salton Dell`Osbel. O primeiro professor foi José Dalbosco que atendia os alunos em sua casa por volta do ano de 1906. Henriqueta Brusqui Casanova é lembrada como catequista da localidade. A atual igreja católica foi inaugurada em 1984. Já o salão comunitário foi inaugurado em 1989. Como a maioria das pequenas localidades interioranas da região, Tiririca ao longo do tempo foi perdendo moradores. Atualmente abriga quarenta e duas famílias integradas por cerca de 150 pessoas. Entre eles o casal Gema Regina Dell`Osbell Berté (77) e José Berté (79). Gema é filha Longino Dell`Osbel, um dos primeiros moradores. Diz gostar muito da localidade. “Criamos onze filhos com muito sacrifício, mas que foram bem encaminhados e jamais pensamos em sair daqui”. O casal reza diariamente o terço para Nossa Senhora e como bons descendentes de italianos não dispensam um copo de vinho. Rodeada por morros e araucárias a localidade tem sua economia atual baseada no setor primário com destaque para a produção de fumo, leite e aves. Um dos pontos de encontro dos moradores ao final da tarde é a casa comercial de Casemiro Casanova, onde segundo ele, se encontra um pouco de tudo. A sede do Esporte Clube Cruzeiro é o local onde a juventude se reúne para os campeonatos de futebol amador. A Escola Municipal Felipe Camarão, por falta de alunos, acabou fechada no início deste ano. Nos eventos que atraem visitantes e ex-moradores estão o baile do fumo e a festa do clube de mães. Sobre o nome da localidade, os moradores não sabem a origem. “A tiririca é uma erva daninha, um inço, só que por aqui não existe. Não sei de onde saiu este nome”, indaga dona Gema.
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domingo, 8 de agosto de 2010

LINHA MARIANI - POUSO NOVO






Á cinco quilômetros da sede do município, numa estreita faixa entre o rio Fão e a BR-386, está Linha Mariani, um dos marcos iniciais da colonização italiana de Pouso Novo. Conforme pesquisa realizada pelo Frei Antônio Luiz Mariani, por volta o ano de 1904, seus avós Gisberto e Luiza Peroni Mariani saíram de Nova Milano, hoje Farroupilha em busca de terras férteis. “A cavalo, percorreram durante quarenta dias os municípios de Garibaldi, Estrela, Lajeado e chegaram até Nova Berlin da Forqueta, atual Marques de Souza. Dali subiram em direção a Pouso Novo, adquirindo terras onde hoje é Linha Mariani. Com eles o filho Maximino, com apenas quarenta dias de idade. Não compraram terras junto ás várzeas de Marques de Souza com medo das inundações do Rio Forqueta”, registra. Assim iniciava a existência da localidade, onde se alojaram em uma barraca. Após iniciar uma roça e plantar um parreiral construíram uma casa, com cantina, ferraria, paiol, chiqueiro, alambique para fazer cachaça de graspa de uva, pipas e uma barca e canoa para transpor o rio Fão. “Viveram na localidade até 1918 de onde se transferiram para Navegantes, próximo a Forqueta Alta. Ali construíram um moinho colonial e viveram todas suas vidas”, afirma Luizinho Mariani, bisneto de Gisberto e Luiza e atual secretário de administração de Pouso Novo. “Se hoje estamos aqui, é graças ao espírito audacioso destes pioneiros que enfrentaram todo o tipo de dificuldades naquela época”. Durante muitos anos a localidade serviu como ponto de referência, pois por ali transitavam comerciantes ambulantes, mascates e tropeiros que transportavam gado entre Lajeado e Soledade. De acordo com o morador Armindo Guerra (60), que nasceu e ainda reside na localidade, entre os pioneiros também estão as famílias Perotti, Salvatori e Zeni. Sua residência atual, construída em 1906, foi herdada dos avós Miguel e Albina Guerra e pertenceu a família Mariani. “Hoje não temos mais nenhum morador com o sobrenome Mariani por aqui, mas foram eles que iniciaram tudo o que temos neste lugar maravilhoso para se viver”. Armindo recorda da época em que jogava futebol aos finais de semana. “Passávamos a nado pelo rio Fão em direção a Vasco Bandeira, onde atuava na equipe do São José entre 1965 e 1970”. Traços da imigração italiana como a religiosidade estão marcadas no Capitel com a imagem de Nossa Senhora de Caravággio, padroeira da localidade”. Cerca de cinquenta moradores, entre eles as famílias Conpagnoni, Guerra, Valezzan e Bottega, ainda permanecem em Linha Mariani, atuando na avicultura e criação de gado leiteiro. A enchente de janeiro deste ano acabou destruindo o camping ás margens do rio Fão.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ARROIO ALEGRE - FORQUETINHA

A localidade teve o início de sua colonização por volta de 1890. Numa lista de eleitores da época resgatada pelo atual prefeito do município, Waldemar Richer, aparecem os sobrenomes das famílias Kamphorst, Kreff, Bischoff, Pohl, Grooders, Helfenstein, Rick, Kemerich, Ledur, Rippel, Dreher, Klein, Boruscheid, Fingert, Pohl, Schmitz, Luft e Melshior. Eram colonizadores que vieram da região de Dois Irmãos, por isso a localidade era também conhecida como Baumschneis ou seja Picada dos Baum. Mais tarde passou a chamar-se Arroio Alegre, em função do arroio que passa por ali e pelas pessoas que são muito contentes, dizem os moradores. A economia da centenária localidade sempre foi marcada pela produção primária de seus moradores. Das carroças e arados puxados a bois, hoje a comunidade recebe investimentos na área da suinocultura. Uma boa parte da história desta pequena localidade, que conta com pouco mais de cento e cinquenta moradores, está no prédio em ruínas do templo pertencente á Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), fechado há cerca de nove anos por falta de membros. Erno Hoppen (78) é o único membro da igreja que ainda reside por perto. Do alto do morro, em frente a sua propriedade, quase na divisa com a localidade de Arroio Abelha, em Sério, ele avista a pequena igreja. “Bate uma saudade. Até por volta de 1998 eu ainda conseguia chegar a pé até lá, descendo e subindo as estradas. Depois não deu mais”, afirma resignado. Segundo ele, na igreja inaugurada em 1959, eram associadas cerca de cinquenta famílias. “Aqui era a sede da Paróquia Luterana de Forquetinha e tinha muita movimentação”, recorda. “No cemitério, que fica no mesmo terreno, estão sepultadas diversas gerações de filhos do lugar”. Porém, lá pelas décadas de 1960-1970, a comunidade começou a diminuir com o êxodo rural. “Os mais velhos faleceram. Dos jovens que sobraram, uma parte foi trabalhar em Lajeado, outros adquiriram terras na região de Santo Ângelo e Três de Maio e residem lá até hoje”. A igreja católica é a única em atividade na comunidade onde acontecem missas e encontros. A Escola Municipal Emilio Griebler é um dos orgulhos da comunidade. Criada em março de 1969, quando a localidade ainda pertencia a Lajeado quando mais de cem alunos freqüentavam seus bancos escolares. Hoje este número se reduz a pouco menos de quarenta alunos. “Se analisarmos a questão custo, é complicado. Porém acima disto está o lado social e por isso a escola é mantida. É a identidade da localidade preservada”, salienta a secretaria de educação, Sandra Feil. A história da escola, iniciou-se com a doação de uma área de terras de Henrique Emilio Griebler para fins de construção de uma escola. “Em 27 de maio de 1969 reuniram-se em assembléia, os pais e mestres nas dependências da escola com a finalidade de fundar seu Círculo de Pais e Mestres, debater e aprovar seu estatuto elegendo a primeira diretoria do Círculo de Pais e Mestres, sendo presidente, Oscar Schmitz; secretário Theobeldo Becker e tesoureiro Batista Brandt”. O asfaltamento da rodovia que liga Forquetinha com o município de Sério deverá também beneficiar a comunidade.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

BATUVIRA - PROGRESSO




A localidade fica a cerca de dez quilômetros da sede do município, ás margens da RS-423. Conhecida em toda a região pela Romaria e Festa de Nossa Senhora do Caravággio, evento comemorado sempre em 26 de maio, não importando o dia da semana. De acordo com o historiador José Alfredo Schierholt, a origem do nome é uma espécie de anta, conhecida por batovira. “Em suas matas os primitivos posseiros eram mateiros e serranos, população anônima e acaboclada, que tiveram que ceder suas terras sem escrituras, consideradas devolutas, vendidas pelo governo a empresários imobiliários. Um deles foi Leonardo Kortz, de Estrela, que estava vendendo 25 lotes coloniais de 25 ha cada um adquiridos por famílias de etnia italiana em 1912. Em 1 de julho de 1919 foi aberta uma Escola Federal, com 32 alunos, lecionando Iracema Silveira Ramos. O arroio Batuvira que passa pela localidade é afluente do Arroio Tamanduá e nasce na divisa entre Marques de Souza e Canudos do Vale. O casal Juvenal Romildo (63) e Ivani Teresinha Sordi (60) nasceram e ainda permanecem na localidade onde são agricultores. “Aqui é muito bom para morar e trabalhar, constituímos nossa família e não pretendemos sair, pois conhecemos cada pedaço deste chão”. Os Sordi, que por dezesseis anos integraram a diretoria da Comunidade Católica, lembram de famílias que residiam na localidade, quando ainda eram crianças, sobrenomes como Dorneles de Oliveira, Nicolini, Petrini, Imperatori, Ferrari, Beti, Dalpian e Vicari. Entre os fatos curiosos que marcaram a comunidade destaca-se o sino antigo da igreja que foi vendido há cerca de 20 anos para a comunidade de Picada Olinda em Nova Bréscia. “O som é tão forte que ainda hoje, apesar de estarmos a mais de dez quilômetros de distância daquela localidade, ainda ouvimos o sino tocar”, afirma Juvenal. Dá escola que freqüentou em 1950, Juvenal ainda guarda uma espécie de lousa, que era seu caderno daquela época. “Como tínhamos poucas condições, eu escrevia de um lado e meu irmão de outro”. A empresa de ônibus Santa Terezinha, de propriedade de Clemente Zancanaro e Guido Zago fazia a linha Batuvira, Selim, Xaxim e Lajeado em 1950. Ponto de referência, a atual Casa Comercial Zeni foi de propriedade da família Ferrari, que hoje possui empresa em Lajeado, entre outros. Recentemente uma descoberta alvoroçou a comunidade. Documentos encontrados pelo historiador e prefeito de Forquetinha, Waldemar Richter, foram apresentados em encontro entre alunos e comunidade. “Na realidade antes da colonização italiana por volta de 1916, já tínhamos morando em Batuvira diversas famílias de origem alemã. Isto está comprovado através do caderno de anotações do comerciante Johann Peter Joseph Briesch onde consta uma relação de clientes de 1911. Entre os sobrenomes citados no caderno estão Saxser, Marin, Schumacher, Weber, Dahmer, Kaspar, Spiecker, Renner, Worschnack, Fey, Silva, Kempfer, Fittel, Berghann, Margs, Kehl, Gehlen, Steilamann, Henicka, Ledur, Rochenbach,Munnaus, Gossmann, Neumann, Winter, Stalder, Wüst, Koch, Knopf, Straser, Konrad, Jaeger, Wiberlling, Neinaus, Gross, Mayer, Kochhann, Schmeiker, Müller, Lange, Guilardi, Segate, Getz, Stein, Lourscheider, Sauer, Battisti, Brancher, Ferrari, Zenatti e Santos. Até 1920 as famílias alemães, em grupo, acabaram se transferindo para a região de Três Passos e Não-Me-Toque. A professora Sinara Ledur, que atua na escola Afonso Mathias Ferrari na localidade pretende reunir todos os dados e lançar um livro.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

ARROIO DO OURO - ESTRELA




A professora e historiadora Norma Theolina Scheeren que recentemente editou a obra Perfis de uma Pequena Comunidade: Arroio do Ouro,é quem nos relata um pouco da história de localidade.
Se o nome de um dos municípios do Vale do Taquari nos leva a olhar ao céu, não é menos curioso observar que entre as localidades que formam “Estrela” existem topônimos como: “Glória”, “Novo Paraíso” (...) Aqui, no entanto, nos encantaremos com um metal nobre, ambição antiga de muita gente: o ouro. Nasci num lugarzinho, entre Estrela e Bom Retiro do Sul que se chama Arroio do Ouro. A origem deste nome tão brilhoso? Muito já se pesquisou. (Há outros logradouros, fora do Vale do Taquari com o mesmo nome). Os netos dos imigrantes comentavam que os primeiros que aqui chegaram lhe atribuíram este nome pela importância que o arroio tinha. Outra versão é que teriam encontrado pedrinhas amarelas, piritas, confundidas com ouro. (O chamado “ouro dos trouxas”).Os primeiros documentos de compra e venda já registram “Arroio do Ouro” . Em 1860 chegaram os desbravadores. Eram alemães ou descendentes deles que nasceram na região de Dois Irmãos. Os lotes 1 e 2 foram comprados por Johann Adam Mallmann. Seu irmão Paulo comprou o lote 03. O 4º lote foi para a irmã deles – Maria – casada com Jakob Kern. Eram católicos. Em Arroio do Ouro, até hoje, não há cemitério nem igreja evangélica. Os poucos evangélicos que aqui se fixaram não tiveram suporte para erigi-los. A assistência religiosa para os católicos se resumia em receber a visita de algum padre itinerante que vinha a cavalo da região de onde eram oriundos ou de Taquari, a cuja paróquia Estrela pertencia. Tudo era precário. Andavam quilômetros para fazer um joguinho. Apreciavam a bocha, o canto coral, a dança e boa comida. Nos bailes, os próprios músicos arrecadavam algum dinheiro entre os dançarinos. Dos salões mais antigos de que se tem lembrança é o do João Petry e o do Germano Kartsch. Não poderiam eles imaginar que a partir dos seus bisnetos a vida social: Futebol, Clube de Mães, Encontros da 3ª Idade, casamentos, (...) inclusive bailes, seriam um meio de sustentar a comunidade. (Uma profanação, na lógica deles). Dos primeiros sobrenomes que se encontram nos livros cartoriais de Taquari, aos cuidados do Arquivo Público de Porto Alegre, muitos ainda se encontram em Arroio do Ouro: Mallmann, Wendt, Dullius, Koch, Scheibel, Knecht (...) Também temos: Caliari, Castro, dos Santos, Almeida, Souza (...) Se os paióis de então transbordavam de grãos que vigorosos eclodiam da jovem terra, hoje se enfileiram os equipamentos para tirar e armazenar o leite; de ração para cevar os suínos e frangos. Os grãos viram silagem. As máquinas se transformam em mãos inteligentes. Em todos os níveis: religioso, social, econômico... mudanças radicais. O comércio e a indústria de Arroio do Ouro não têm a expressão que os 150 anos de gente batalhadora merece. Um grande potencial se perde pelas precárias condições da RS 129.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

SÃO VITOR - FORQUETINHA



Seguindo tendências atuais acredita-se que pequenas comunidades estejam condenadas ao desaparecimento, em função dos atrativos dos grandes centros e do êxodo rural. Mas não é o que acontece com a localidade de São Victor, situada á seis quilômetros da sede do município. Boa parte da estrada de acesso já é asfaltada. Com altitude de quinhentos metros, a localidade proporciona “visão cinematográfica” das cidades de Lajeado, Venâncio Aires, Teutônia e Arroio do Meio e clima de montanha, conforme afirma o professor Sérgio Diedrich, que por quatorze anos lecionou na única escola do local, atualmente desativada. Além de se orgulharem dos atrativos naturais os cerca de cem moradores que permanecem no local se dedicam a criação de gado leiteiro e a suinocultura. A vida comunitária também é ativa. Conforme o tesoureiro da comunidade católica, Ivo Lenhardt , em 2008 foi inaugurada a nova igreja, edificada com recursos da própria comunidade. “Somos em torno de trinta famílias associadas e gostamos muito deste lugar. Depois que fechou a escola por falta de alunos, temíamos que as pessoas passassem a freqüentar igrejas em localidades vizinhas”. Foi então que liderados pelo atual presidente da comunidade, Dorval Eckhardt, através de festas, rifas e donativos foi construída a nova igreja no estilo enxaimel, característico da região colonizada por alemães. Não esquecendo a tradição religiosa e o esforço de gerações passadas, conservou-se a torre onde estava instalado um sino que agora está na nova igreja. Diedrich também recorda alguns fatos pitorescos do lugarejo. “Devido a altitude, em 1960 foi instalada aqui uma torre de controle do exército brasileiro”. Até 1940, a localidade era conhecida por Palmit Berg, que no dialeto alemão significa Morro dos Palmitos. “Porém um professor, que segundo contam se chamava Victor, determinou que a localidade tivesse um padroeiro e lógico, com o nome em sua homenagem”. Outra passagem que Diedrich não esquece foi quando o ex-prefeito de Lajeado, Claudio Pedro Schumacher, afirmou que quando se aposentasse iria adquirir um sítio e morar em São Victor em função do clima ameno, principalmente no verão. “Estamos aguardando ansioso o novo vizinho ”.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

PICADA FLOR - MARQUES DE SOUZA




A localidade está situada ás margens da BR-386, a pouco menos de três quilômetros da sede do município. A colonização alemã por volta de 1900, quando a comunidade se chamava Feedeck, deixou como herança o trabalho e a cultura preservada até hoje pelas poucas famílias que ainda residem no local. Carroças, tratores, campings e colonos trabalhando junto ás extensas várzeas que margeiam o Rio Forqueta, além de indústrias de laticínios e metalúrgica compõe o cenário da localidade. Dona Eloni Scheurermann (foto)é uma das moradoras mais antigas. Nasceu em 1930 e sempre morou na localidade. “Aqui é muito bom para viver, juntamente com meu esposo Bertholdo (83) constituímos família e adoramos a nossa picada”, afirma. Ela recorda que entre os pioneiros constam sobrenomes como Wazzen, Dhein, Hoffmann e Scheuermann. A localidade sempre viveu em função da agricultura, mas Eloni lembra de outras atividades como a olaria da família que funcionou até 1970 e que fornecia tijolos para toda a região. “Quando foi construída a BR-386, muita coisa mudou por aqui”. Também o salão de baile e casa comercial, cujo prédio resiste ao tempo até hoje. Entre os proprietários ela cita os nomes de Arnaldo e Pedro Sbaraini, Telmo Stacke, Fredolino Geiss e Egídio Jung. A comunidade também teve o moinho colonial de propriedade de Benó Scherer. Devido a proximidade com a sede do município o comércio praticamente desapareceu. Os pontos de encontro para o bate papo, carteado e jogos de bocha se concentram no Bar do Jomertz e na Sociedade Esportiva Picada Flor, sede do clube de futebol que dá sequência ao pioneiro União ou ainda no ginásio de esportes onde se realizam os bailes de Nach kerb, cafés do clube de mães Paz e Amor. Uma das preocupações da localidade sempre foi a educação. Tanto que em 15 de janeiro de 1915, segundo trabalho divulgado recentemente por alunos da instituição, era fundada a Escola Carlos Gomes por um grupo composto por Guilherme Mayer, Guilherme Gross, Frederico Biehl, Alberto Gross, Edmundo Hoffmann, Leopoldo Schneider, Felipe Willig, Augusto Andersen, Samuel Marmitt, João Kunz, Jacob Stacke, Carlos Hofmeister, Guilherme Born e Henrique Hübner. Inicialmente para o funcionamento da escola, foi adquirida, de Adolfo Schmidt, uma pequena área de terras com a superfície de 8232 metros quadrados construindo-se ali, uma escola de oito metros de comprimento e seis metros de largura, onde os filhos dos associados recebiam educação . O primeiro professor foi Felipe Mayer. Em 1932, a sociedade adquiriu na mesma localidade , outro terreno de Leopoldo Schneider, havendo no mesmo, uma casa de alvenaria, que era utilizada como casa comercial, mas que tendo sido bem reformada servia como escola, com capacidade para 65 crianças. Essa mesma construção recebeu mais tarde várias reformas. Em 1964, a sociedade construiu uma casa que servia como moradia para seu professor. Em 1967 a escola Carlos Gomes passou a ser municipal. Como a Escola estava situada em Picada Flor, a idéia foi de transferi-la pois naquele local, não tinha muito como crescer devido a existência de poucas crianças e também pela falta de espaço. Em 2003 a escola transferiu-se de Picada Flor para o bairro Cidade D’Água onde funciona atualmente atendendo em torno de 170 alunos. Apesar da transformação da localidade ao logo do tempo, Dona Eloni diz que a boa convivência continua. “As visitas entre as famílias para o chimarrão ou o apoio quando alguém está acamado é mantida até hoje como forma de boa vizinhança”.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

BARRA DO DUDULHA - FONTOURA XAVIER





Localizada ás margens do rio Fão em área pertencente ao município de Fontoura Xavier está Barra do Dudulha. É local de divisa também entre os municípios de Progresso e Pouso Novo. O lugar é considerado histórico em função do Combate do Fão ocorrido na comunidade em setembro de 1932 durante a Revolução Constitucionalista. A professora Leda Trombini, juntamente a filha Janaína, acadêmica do curso de história da Univates, se dedicam a pesquisar a história da localidade. Juntamente com o esposo Juarez Trombini, a família administra a casa comercial situada bem em frente aonde ocorreu o combate. Há poucos metros está o cemitério onde estariam sepultados seis corpos de combatentes. “Seguidamente chegam por aqui, pessoas pedindo informações sobre o combate. São historiadores, pesquisadores, estudantes de história e até parentes de pessoas falecidas na revolução”, relata Leda que recorda também que segundo contava um dos primeiros moradores, o comerciante Guilherme Trombini, por volta do ano de 1900, a localidade era ponta de passagem e pouso para viajantes que se dirigiam de Lajeado a Soledade. Ela cita entre os pioneiros as famílias Bacci, Stürmer, Bagantini e Trombini. Hoje a comunidade está reduzida a pouco menos de trinta pessoas distribuídas em sete famílias. Um sonho da educadora é a instalação de um museu para abrigar objetos e documentos do combate. O prédio da escola desativada já estaria destinado para este objetivo. A enxurrada de 4 de janeiro deste ano, por pouco não destruiu os vestígios que restam da revolução. “Ficou tudo em baixo d´agua, a ponte sobre o rio Fão foi destruída, mas por sorte o cemitério histórico ficou em pé”, relata Leda. A Revolução Constitucionalista de 1932, foi um movimento deflagrado em São Paulo, mas teve adesões no Rio Grande do Sul. Nos vales do Rio Pardo e do Taquari, vários contingentes de voluntários se prepararam para integrar as forças de Soledade, quando descessem a Serra rumo a Porto Alegre. Um contingente da Brigada Militar subiu pelo Rio Taquari para conter o foco revolucionário. Conforme o historiador e professor José Alfredo Schierholt em 11 de setembro de 1932, a marcha teve início. No mesmo dia, o Regimento Militar, encarregado da segurança do Palácio do Governo, subiu pelo território que hoje pertence ao município de Marques de Souza, ladeando a margem direita do rio Fão, em direção à localidade de Barra do Dudulha. Schierholt observa que os primeiros confrontos aconteceram no final da tarde de 12 de setembro de 1932. ‘No dia seguinte, o tiroteio recomeçou em meio à cerração e à chuva, com os revoltosos escondidos na mata e liderados pelo General Candoca, à margem esquerda do rio Fão, para enfrentar a Brigada Militar, fortemente armada. Foi nestas circunstâncias que aconteceu o Combate do Fão, em que os constitucionalistas tiveram que se render’, relata o professor. Do lado dos revolucionários, houve quatro mortes, inclusive a de um voluntário muito conhecido, o Gigante. O Regimento perdeu dois oficiais e três praças. Alguns mortos foram sepultados no local do combate, onde ainda restam vestígios do cemitério. Em outros registros consta que o padre da comunidade de Bela Vista do Fão, o frei franciscano Tiago Scheffers, foi ao campo de batalha e encontrou corpos de cinco revolucionários e inúmeras covas com cadáveres dos soldados. Conta-se também que uma caixa com armas estaria no fundo de um poço no Arroio Dudulha. Uma canjerana, próximo a um potreiro, ainda guarda sinais dos tiros que recebeu. O certo é de que muito ainda há de se pesquisar sobre o assunto.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

LINHA ATALHO - MARQUES DE SOUZA







Situada a cinco quilômetros da sede do município as margens da estrada que liga Marques de Souza as localidades de Linha Orlando, Rui Barbosa em Canudos do Vale e Xaxim e Selim em Progresso está Linha Atalho. Conforme pesquisa realizada por alunos da Escola Estadual Severino José Freiner, a única da localidade, foi por volta de 1905 que chegaram os primeiros habitantes. Os primeiros moradores teriam sidos Adolfo Dente, casado com Juliana Imich e que tiveram onze filhos, Henrique Dente e um senhor de sobrenome Kunrhardt. Entre os fatos que marcaram a comunidade está o dia 22 de novembro de 1919 quando chuvas torrenciais provocaram o desmoronamento de morros da localidade. As famílias de Arthur Birckeuer, Gallas eKunrhardt foram dizimadas neste episódio. Situação semelhante ocorreu em 3 de julho de 1997 quando um vendaval destruiu casas e pavilhões.
A localidade é cortada pelos arroio Atalho que desemboca no Rio Forqueta e o arroio do Sapo que é afluente do arroio Forquetinha. A primeira escola da localidade foi construída em 1915, nas proximidades da residência de Adolfo Dente, onde também se ensinava a língua alemã. Esta escola teve pouca duração e uma nova foi criada entre 1930 e 1934. mais tarde, em 1956 era criada a Escola Rural Isolada de Linha Atalho. Em 1976 surgia a escola atual. A Escola Severino José Frainer leva este nome em homenagem ao farmacêutico que atuou por 34 anos em Lajeado e também no hospital da então Vila Progresso. Freiner foi fundador da Cooperativa Viti-Vinícula São Francisco e dirigente do hospital Santa Isabel. Em Marques de Souza foi presidente do colégio Vocacional. Em Lajeado foi vereador de 1952 a 1955. Era considerado um excelente orador. Natural de Veranópois, faleceu em Lajeado em 9 de abril de 1970, com 63 anos de idade. Atualmente com cerca de 350 moradores, a comunidade participa da vida social através das atividades da Sociedade Esportiva Nova Aliança, do Coral 25 de Julho e da Sociedade Osvaldo Cruz. Na vida religiosa uma igreja está presente. Próximo a divisa com Linha Orlando está a IELB – Igreja Evangélica Luterana do Brasil localizada ao lado cemitério da localidade. Na economia atual o carro-chefe são as dezenas de aviários e chiqueirões. Pela proximidade, os moradores se abastecem de mercados da sede do município. Diariamente três roteiros de ônibus das empresas Scherer e Azul circulam pela localidade. O ponto de encontro e lazer aos finais de semana é o bar e cancha de bochas do Fipinho, que por diversas vezes já foi campeão municipal de bochas. O produtor rural Nelson Brand (60) nasceu e ainda reside no lugar. Apaixonado por esportes, ele recorda as equipes do Guarani e União, que atualmente resultaram na formação do Nova Aliança. “Aqui é muito bom de viver. Com investimentos e modernização nas propriedades conseguimos melhorar nosso padrão de vida e manter familiares no interior”, avalia.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

FAZENDA LOHMANN - ROCA SALES



Fazenda Lohmann, Roca Sales

Situada a nove quilômetros da sede do município de Roca Sales, a localidade de Fazenda Lohmann foi povoada por descendentes de imigrantes alemães. A área de terras que corresponde atualmente à comunidade pertenceu a Cláudio José Monteiro, que, em 1870, venderia as vinte e quatro colônias que a constituíam para George Karl Lohmann, nascido em uma família de comerciantes, em 1821, em Harderode bei Braunschweig, na Alemanha. Um de seus filhos, Theobaldo Henrique Lohmann continua residindo nesta área de terra. De lá para cá muito se alterou na vida dos moradores. Novos hábitos incorporados convivem com saberes e práticas herdados. Da estrada geral que corta Fazenda Lohmann, são vistos grandes aviários industriais, a passagem do carro de boi que leva o pasto para as vacas; ou à mesa do café-da-manhã, a mortadela e a margarina, também o salame e o Käschmier. O sino da igreja, a cada dia, marca a vida do lugar. Com o passar dos anos, enquanto entre os agricultores reduzia-se o tamanho das famílias e crescia a demanda por bens de consumo, as antigas formas de cultivar a terra iam sendo transformadas por maquinários e insumos químicos.
Hoje, marcando o centro da vida comunitária, de um lado da estrada que, seguindo paralelamente ao rio Taquari, atravessa a localidade, encontra-se, ladeada pelo cemitério, a Igreja Evangélica. Do outro lado da estrada, está o Salão Comunitário. Ao longo da mesma estrada, num raio de cerca de cinco quilômetros de distância da Igreja Evangélica, encontra-se a Igreja Católica e seu salão. Ainda, a antiga construção que, agora abandonada, um dia abrigou uma casa comercial, cujo salão, em revezamento com o de outro estabelecimento comercial, sediava os bailes da localidade na época em que não havia ainda sido erguido o Salão Comunitário.
Também à beira da estrada, há uma serraria, uma oficina mecânica, duas casas comerciais e um bar. Em uma das casas comerciais e no bar há canchas de bocha, o que lhes confere característica de ponto de encontro de moradores da localidade, especialmente os jovens, que ali se reúnem nos finais de semana e, durante o verão, nos inícios de noite, depois do futebol. Paralela ao rio e à estrada, ao longe, a ferrovia do trigo. Na geração de empregos o destaque para uma cerâmica que fornece tijolos e um atelier de calçados.
A maior parte das famílias que vivem em Fazenda Lohmann é associada à comunidade da Igreja Evangélica, que conta ainda com a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE). Há, ainda, o Clube de Mães e de futebol, e a Sociedade de Cantores Alegria que foi fundada em 1914. Uma das tradições herdadas e mantidas pela comunidade são os bailes de Kerb que desempenhavam papel importante na sociabilidade dos camponeses, pois neles não apenas se encontravam para conversar e dançar, mas também, muitas vezes, para arranjar casamentos ou fechar negócios. Os jovens, geralmente se conheciam nos bailes ou nas festas de Kerb. Uma das bebidas de Kerb, relatam moradores de Fazenda Lohmann, era o Spritzbier, uma espécie de cerveja caseira preparada, pelos próprios colonos, à base de gengibre. Cada família produzia entre 40 e 50 garrafas, mas muitas eram perdidas pois, devido à pressão, freqüentemente estouravam. A cerveja era produzida em uma fábrica situada em uma localidade próxima, Costão, no município de Estrela. Uma semana antes do Kerb, passavam de carroça, vendendo engradados de cerveja. Atualmente, vivem em Fazenda Lohmann cerca de 120 famílias, sendo que dessas aproximadamente trinta são católicas e as demais evangélicas. As informações citadas nesta coluna foram coletadas para trabalho acadêmico pelas professoras Renata Menasche, Leila Claudete Schmitz e Karen Lohmann. Quem também reservas boas lembranças de Fazenda Lohmann é o pastor aposentado da IECLB –Igreja Evangélica Luterana no Brasil, Sírio Rickert, residente em Lajeado. O religioso freqüentou o curso primário na escola Duque de Caxias entre 1938 e 1944. “Época muito importante de nossa vida e que nos marcou profundamente. O colégio tinha em torno de 150 alunos”, recorda o pastor que também atuou Palmitos (SC), Arroio do Meio e como professor no Colégio Alberto Torres em Lajeado.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

BARRA DO FÃO - POUSO NOVO E TRAVESSEIRO




Poucas são as localidades da região em que os moradores, ao abrirem as janelas de suas casas, contam com o privilégio de avistarem áreas pertencentes a quatro municípios. Pois os habitantes de Barra do Fão têm como contemplar num rápido girar de cabeça os municípios de Pouso Novo, Travesseiro, Marques de Souza e Coqueiro Baixo. Privilegiada por paisagens de uma natureza exuberante, Barra do Fão como o próprio nome justifica, se localiza ás margens do encontro dos rios Fão e Forqueta, na divisa entre Travesseiro e Pouso Novo. Separados por uma ponte sobre o Rio Forqueta, inaugurada em 1º de dezembro de 1960, os 150 moradores habitam moradias localizadas nos dois municípios. Até as entidades estão situadas em municípios diferentes. O Esporte Clube Guarani, embora dispute o campeonato municipal de Travesseiro, tem sua sede na área de Pouso Novo. Já a igreja da comunidade católica está localizada no território de Travesseiro. Colonizada no início do século passado a localidade lembra entre as famílias pioneiras sobrenomes como Ferronato, Pruvinelli, Demari, Picinini, Venter, Colombo e Zimiani, entre outros. “Sempre fomos uma comunidade próspera, com um agricultura forte e famílias numerosas mas, que com o passar do tempo ficou pequena para todos que aqui viviam. Os filhos cresceram e partiram em busca de novos horizontes”, afirma Elzira Colombo Doertzbacher (74), que ao lado da amiga e vizinha Lurdes Pruvinelli (71) tem a missão de fazer o serviço de limpeza na igreja católica uma vez por mês. As moradoras são testemunhas do êxodo rural que levou dezenas de moradores para lugares distantes. “Hoje eles são empregados ou proprietários de churrascarias em Lajeado, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e Belo Horizonte. Todos estão bem, mas vivem longe daqui e só retornam quando acontece uma festa ou no natal e final de ano,” lembra Lurdes. A propósito, eventos levam centenas de visitantes à localidade. No próximo domingo acontece a festa em louvor a Nossa Senhora do Caravággio. Os bailes da terceira idade também movimentam a comunidade. A colonização italiana deixou heranças como a gastronomia que pode ser conferida nas festas em pratos á base de polenta, sopa de capeletti, grostoli, frango caipira e aipim. Além da produção primária a economia atual se destaca pela produção de tijolos da Olaria Gonzatti e pomares de cítricos como bergamotas e laranjas que abastecem indústrias de suco da serra gaúcha. Como em toda a pequena localidade a casa comercial é o ponto de encontro no final de tarde ou em finais de semana onde se disputam jogos de bocha e o carteado. Na área pertencente a Pouso Novo está o Armazém do Juca. Por estar próxima á BR-386, a localidade acabou fazendo parte da estrada do desvio do pedágio de Picada May. Por ali, circulam diariamente centenas de caminhões e automóveis. Nas famílias que residem na localidade aparecem sobrenomes como Venter, Dresch, Andrade, Gonzatti, Brandão, Grebin, Schneider, Zimiani, Locatelli, Ferronato, Bertol, Borghetti, Deloz, Bianchini e outros. Para as amigas Elzira e Lurdes, Barra do Fão é um lugar especial. “Amamos nossa terra, aqui vivemos em harmonia, tranqüilos, curtindo tudo o que Deus nos deu, temos muitas amizades e apreciamos um bom chimarrão, somos felizes por tudo isso”, salienta Elzira que só tem uma lamentação. “Hoje em dia as pessoas se preocupam demais com a limpeza da casa e com roupas bonitas, mas esquecem de dedicar um tempo para conversar com a família e amigos”.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

FORQUETA - ARROIO DO MEIO




Forqueta – Arroio do Meio


Segundo distrito de Arroio do Meio, com cerca de mil habitantes, a localidade está situada á onze quilômetros com acesso por rodovia asfaltada. A colonização iniciou a partir de 1865, quando chegaram os primeiros imigrantes alemães. De acordo com o professor e pesquisador da história da localidade, Paulo Alécio Weizzemann, os pioneiros foram Mathias Weizzemann, seu bisavô, vindo de São José do Hortêncio, juntamente com outras famílias como Kirch, Lochscheneider, Klauch e Hofmeister. “Foi um início muito difícil, pois chegaram aqui á cavalo”, relata. Logo fundaram um pequeno núcleo colonial abrindo picadas e estradas e construindo pontilhões além é claro, da escola e igreja. “É uma das características do imigrante, se alicerçar na religião e escola, não esperando por soluções advindas de governantes”, afirma. Surgiam nesta época as comunidades católica, alguns integrantes vieram de São Vendelino, por isso é o padroeiro da comunidade, sendo lembrado com uma estátua ao lado da igreja. Em 1880 surgia a igreja luterana. A promissora comunidade teve um comércio muito representativo composto por pequenas casas comerciais, ferraria, cervejaria e até um hospital que foi inaugurado em 1927 e pertencia a um médico nascido na Alemanha. Desde o início a agricultura sempre foi o ponto forte da economia local. Das terras cultivadas á arado e juntas de bois, hoje os produtores rurais investem em aviários, suínos e gado leiteiro. Na vida social o destaque para a Sociedade Esportiva Forquetense, onde se realizam grandes eventos direcionados especialmente aos jovens, o Camping do Ereneu ás margens do Rio Forqueta, encontros de grupos da terceira idade e de clubes de mães e a encenação da Via Sacra, que leva milhares de pessoas á localidade na Sexta-Feira Santa. Na educação mais de uma centena de alunos freqüentam a Escola Municipal Arlindo Back. “Formamos uma comunidade bem organizada, temos ainda aqui correios, o centro administrativo, posto telefônico, padaria e ônibus que nos conduzem a Arroio do Meio e Travesseiro”, frisa o professor Paulo Alécio. Entre os fatos marcantes de Forqueta, o educador que também pesquisa a história local e pretende lançar um livro no próximo ano, recorda que relatos de seu bisavô mostram que a maior enchente ocorrida no Rio Forqueta, foi a de 1873. “Como residiam poucas pessoas, havia muita mata, talvez por isso, tenha causado poucos danos”, argumenta. A origem da denominação da localidade tem várias versões, conforme Paulo Alécio. Uma delas é de que Forqueta seria uma variante de Forquilha, em função do encontro dos Rios Fão e Forqueta em Barra do Fão. Outra é de que o nome teria origem já em 1670, pois os Jesuítas das Missões do Rio Grande do Sul, teriam a intenção de construir um forte na região. “São versões que correm por aí, nada oficial”, destaca. Um dos sonhos dos moradores é a emancipação. Movimento neste sentido foi organizado há alguns anos, porém a tentativa de se tornar município acabou esbarrada em mudanças na lei. “Quem sabe isto ainda vai acontecer, mas o certo é que aqui é um ótimo lugar para se viver, contemplado por uma natureza abundante e caracterizado principalmente pela hospitalidade da gente desta terra”, conclui o professor.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

LINHA CAIRU - TRAVESSEIRO





Linha Cairu – Travesseiro

Há cerca de dez quilômetros da sede do município, cortado pela estrada geral que faz divisa com Forqueta em Arroio do Meio, está Linha Cairu. O lugarejo chama a atenção pela calmaria, somente quebrada de vez em quando pelo trânsito de caminhões frangueiros, leiteiros e carroças. Com cerca de cinquenta habitantes a comunidade tem na força do trabalho de sua gente uma das características herdadas dos imigrantes alemães que chegaram a localidade por volta de 1890. As famílias pioneiras foram os Fucks, Siqueira e Metin, algumas destas residiam anteriormente em Conventos, Lajeado. Na época eram plantadores de milho. Mais tarde as plantações de soja tomaram conta de grande parte da área do distrito. Porém as dificuldades de produzir em função do relevo do terreno levaram os agricultores a investirem atualmente em gado leiteiro, aviários e chiqueirões. Embora a maioria da população professe as religiões luterana (IELB) e evangélica (IECLB) e frequentem as igrejas de Travesseiro e Picada Felipe Esiig, a única igreja edificada é a católica, construída em madeira no ano de 1946, onde apenas três famílias estão associadas. Chama a atenção também pelo sino instalado em uma torre ao lado do templo. Uma vez por mês ouve-se o badalar chamando os fieis para a missa na igreja que se localiza na estrada que leva até a localidade de São Luiz em Capitão. São José Operário do Patrocínio é o padroeiro. Dona Helga Weimer Bersch (78), nasceu e ainda vive na localidade. “Aqui é muito bom de se viver. É muito calmo, temos tranquilidade e qualquer necessidade estamos perto de Travesseiro e Arroio do Meio”, afirma. A filha Margarete Neitzke (46) diz que embora seja interior, o clima e as pessoas tornam o lugar muito especial. “Temos terra para produzir e também espaço para o lazer como os jogos de futebol no campo do Esporte Clube Cairú, os bailes, encontro de mães e grupo de idosos. Sobre histórias que marcaram a comunidade, Helga recorda das enchentes do Rio Forqueta que passa em toda a extensão da localidade. “A de janeiro deste ano foi violenta, mas as de 1941 e 1956, conforme falavam meus pais e avós foram maiores”, salienta. Sobre o significado do nome da localidade, Margarete diz que “Cairu” seria uma variante de “Kairo”, nome indígena de um cacique que residiu ali perto, pois existem pesquisas que confirmam que os primeiros habitantes do local terem sido índios. Cairu na língua tupi guarani significa “arvores de folhas escuras”. A casa comercial Quinot é o ponto de encontro para o bate-pato do final de tarde e a compra de artigos de primeiras necessidades. Neitzke, Persch, Prediger, Schneider, Collett, Staffen, Quinot, Prass e Kunh são alguns dos sobrenomes de famílias que residem na localidade.