sexta-feira, 25 de junho de 2010

PICADA FLOR - MARQUES DE SOUZA




A localidade está situada ás margens da BR-386, a pouco menos de três quilômetros da sede do município. A colonização alemã por volta de 1900, quando a comunidade se chamava Feedeck, deixou como herança o trabalho e a cultura preservada até hoje pelas poucas famílias que ainda residem no local. Carroças, tratores, campings e colonos trabalhando junto ás extensas várzeas que margeiam o Rio Forqueta, além de indústrias de laticínios e metalúrgica compõe o cenário da localidade. Dona Eloni Scheurermann (foto)é uma das moradoras mais antigas. Nasceu em 1930 e sempre morou na localidade. “Aqui é muito bom para viver, juntamente com meu esposo Bertholdo (83) constituímos família e adoramos a nossa picada”, afirma. Ela recorda que entre os pioneiros constam sobrenomes como Wazzen, Dhein, Hoffmann e Scheuermann. A localidade sempre viveu em função da agricultura, mas Eloni lembra de outras atividades como a olaria da família que funcionou até 1970 e que fornecia tijolos para toda a região. “Quando foi construída a BR-386, muita coisa mudou por aqui”. Também o salão de baile e casa comercial, cujo prédio resiste ao tempo até hoje. Entre os proprietários ela cita os nomes de Arnaldo e Pedro Sbaraini, Telmo Stacke, Fredolino Geiss e Egídio Jung. A comunidade também teve o moinho colonial de propriedade de Benó Scherer. Devido a proximidade com a sede do município o comércio praticamente desapareceu. Os pontos de encontro para o bate papo, carteado e jogos de bocha se concentram no Bar do Jomertz e na Sociedade Esportiva Picada Flor, sede do clube de futebol que dá sequência ao pioneiro União ou ainda no ginásio de esportes onde se realizam os bailes de Nach kerb, cafés do clube de mães Paz e Amor. Uma das preocupações da localidade sempre foi a educação. Tanto que em 15 de janeiro de 1915, segundo trabalho divulgado recentemente por alunos da instituição, era fundada a Escola Carlos Gomes por um grupo composto por Guilherme Mayer, Guilherme Gross, Frederico Biehl, Alberto Gross, Edmundo Hoffmann, Leopoldo Schneider, Felipe Willig, Augusto Andersen, Samuel Marmitt, João Kunz, Jacob Stacke, Carlos Hofmeister, Guilherme Born e Henrique Hübner. Inicialmente para o funcionamento da escola, foi adquirida, de Adolfo Schmidt, uma pequena área de terras com a superfície de 8232 metros quadrados construindo-se ali, uma escola de oito metros de comprimento e seis metros de largura, onde os filhos dos associados recebiam educação . O primeiro professor foi Felipe Mayer. Em 1932, a sociedade adquiriu na mesma localidade , outro terreno de Leopoldo Schneider, havendo no mesmo, uma casa de alvenaria, que era utilizada como casa comercial, mas que tendo sido bem reformada servia como escola, com capacidade para 65 crianças. Essa mesma construção recebeu mais tarde várias reformas. Em 1964, a sociedade construiu uma casa que servia como moradia para seu professor. Em 1967 a escola Carlos Gomes passou a ser municipal. Como a Escola estava situada em Picada Flor, a idéia foi de transferi-la pois naquele local, não tinha muito como crescer devido a existência de poucas crianças e também pela falta de espaço. Em 2003 a escola transferiu-se de Picada Flor para o bairro Cidade D’Água onde funciona atualmente atendendo em torno de 170 alunos. Apesar da transformação da localidade ao logo do tempo, Dona Eloni diz que a boa convivência continua. “As visitas entre as famílias para o chimarrão ou o apoio quando alguém está acamado é mantida até hoje como forma de boa vizinhança”.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

BARRA DO DUDULHA - FONTOURA XAVIER





Localizada ás margens do rio Fão em área pertencente ao município de Fontoura Xavier está Barra do Dudulha. É local de divisa também entre os municípios de Progresso e Pouso Novo. O lugar é considerado histórico em função do Combate do Fão ocorrido na comunidade em setembro de 1932 durante a Revolução Constitucionalista. A professora Leda Trombini, juntamente a filha Janaína, acadêmica do curso de história da Univates, se dedicam a pesquisar a história da localidade. Juntamente com o esposo Juarez Trombini, a família administra a casa comercial situada bem em frente aonde ocorreu o combate. Há poucos metros está o cemitério onde estariam sepultados seis corpos de combatentes. “Seguidamente chegam por aqui, pessoas pedindo informações sobre o combate. São historiadores, pesquisadores, estudantes de história e até parentes de pessoas falecidas na revolução”, relata Leda que recorda também que segundo contava um dos primeiros moradores, o comerciante Guilherme Trombini, por volta do ano de 1900, a localidade era ponta de passagem e pouso para viajantes que se dirigiam de Lajeado a Soledade. Ela cita entre os pioneiros as famílias Bacci, Stürmer, Bagantini e Trombini. Hoje a comunidade está reduzida a pouco menos de trinta pessoas distribuídas em sete famílias. Um sonho da educadora é a instalação de um museu para abrigar objetos e documentos do combate. O prédio da escola desativada já estaria destinado para este objetivo. A enxurrada de 4 de janeiro deste ano, por pouco não destruiu os vestígios que restam da revolução. “Ficou tudo em baixo d´agua, a ponte sobre o rio Fão foi destruída, mas por sorte o cemitério histórico ficou em pé”, relata Leda. A Revolução Constitucionalista de 1932, foi um movimento deflagrado em São Paulo, mas teve adesões no Rio Grande do Sul. Nos vales do Rio Pardo e do Taquari, vários contingentes de voluntários se prepararam para integrar as forças de Soledade, quando descessem a Serra rumo a Porto Alegre. Um contingente da Brigada Militar subiu pelo Rio Taquari para conter o foco revolucionário. Conforme o historiador e professor José Alfredo Schierholt em 11 de setembro de 1932, a marcha teve início. No mesmo dia, o Regimento Militar, encarregado da segurança do Palácio do Governo, subiu pelo território que hoje pertence ao município de Marques de Souza, ladeando a margem direita do rio Fão, em direção à localidade de Barra do Dudulha. Schierholt observa que os primeiros confrontos aconteceram no final da tarde de 12 de setembro de 1932. ‘No dia seguinte, o tiroteio recomeçou em meio à cerração e à chuva, com os revoltosos escondidos na mata e liderados pelo General Candoca, à margem esquerda do rio Fão, para enfrentar a Brigada Militar, fortemente armada. Foi nestas circunstâncias que aconteceu o Combate do Fão, em que os constitucionalistas tiveram que se render’, relata o professor. Do lado dos revolucionários, houve quatro mortes, inclusive a de um voluntário muito conhecido, o Gigante. O Regimento perdeu dois oficiais e três praças. Alguns mortos foram sepultados no local do combate, onde ainda restam vestígios do cemitério. Em outros registros consta que o padre da comunidade de Bela Vista do Fão, o frei franciscano Tiago Scheffers, foi ao campo de batalha e encontrou corpos de cinco revolucionários e inúmeras covas com cadáveres dos soldados. Conta-se também que uma caixa com armas estaria no fundo de um poço no Arroio Dudulha. Uma canjerana, próximo a um potreiro, ainda guarda sinais dos tiros que recebeu. O certo é de que muito ainda há de se pesquisar sobre o assunto.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

LINHA ATALHO - MARQUES DE SOUZA







Situada a cinco quilômetros da sede do município as margens da estrada que liga Marques de Souza as localidades de Linha Orlando, Rui Barbosa em Canudos do Vale e Xaxim e Selim em Progresso está Linha Atalho. Conforme pesquisa realizada por alunos da Escola Estadual Severino José Freiner, a única da localidade, foi por volta de 1905 que chegaram os primeiros habitantes. Os primeiros moradores teriam sidos Adolfo Dente, casado com Juliana Imich e que tiveram onze filhos, Henrique Dente e um senhor de sobrenome Kunrhardt. Entre os fatos que marcaram a comunidade está o dia 22 de novembro de 1919 quando chuvas torrenciais provocaram o desmoronamento de morros da localidade. As famílias de Arthur Birckeuer, Gallas eKunrhardt foram dizimadas neste episódio. Situação semelhante ocorreu em 3 de julho de 1997 quando um vendaval destruiu casas e pavilhões.
A localidade é cortada pelos arroio Atalho que desemboca no Rio Forqueta e o arroio do Sapo que é afluente do arroio Forquetinha. A primeira escola da localidade foi construída em 1915, nas proximidades da residência de Adolfo Dente, onde também se ensinava a língua alemã. Esta escola teve pouca duração e uma nova foi criada entre 1930 e 1934. mais tarde, em 1956 era criada a Escola Rural Isolada de Linha Atalho. Em 1976 surgia a escola atual. A Escola Severino José Frainer leva este nome em homenagem ao farmacêutico que atuou por 34 anos em Lajeado e também no hospital da então Vila Progresso. Freiner foi fundador da Cooperativa Viti-Vinícula São Francisco e dirigente do hospital Santa Isabel. Em Marques de Souza foi presidente do colégio Vocacional. Em Lajeado foi vereador de 1952 a 1955. Era considerado um excelente orador. Natural de Veranópois, faleceu em Lajeado em 9 de abril de 1970, com 63 anos de idade. Atualmente com cerca de 350 moradores, a comunidade participa da vida social através das atividades da Sociedade Esportiva Nova Aliança, do Coral 25 de Julho e da Sociedade Osvaldo Cruz. Na vida religiosa uma igreja está presente. Próximo a divisa com Linha Orlando está a IELB – Igreja Evangélica Luterana do Brasil localizada ao lado cemitério da localidade. Na economia atual o carro-chefe são as dezenas de aviários e chiqueirões. Pela proximidade, os moradores se abastecem de mercados da sede do município. Diariamente três roteiros de ônibus das empresas Scherer e Azul circulam pela localidade. O ponto de encontro e lazer aos finais de semana é o bar e cancha de bochas do Fipinho, que por diversas vezes já foi campeão municipal de bochas. O produtor rural Nelson Brand (60) nasceu e ainda reside no lugar. Apaixonado por esportes, ele recorda as equipes do Guarani e União, que atualmente resultaram na formação do Nova Aliança. “Aqui é muito bom de viver. Com investimentos e modernização nas propriedades conseguimos melhorar nosso padrão de vida e manter familiares no interior”, avalia.