sábado, 30 de outubro de 2010

ALTA PICADA SERRA - PROGRESSO





Quem circula pela RS-423, que liga a sede do município com a BR-386, tem a atenção chamada quando passa pela localidade que está situada no quilômetro quinze da rodovia. A altitude de 540 metros em relação ao nível do mar, além de resultar em temperaturas amenas a maior parte do ano, proporciona vistas deslumbrantes. O nascer e o por do sol, a neblina quase que diária e a vista panorâmica dos vales do Rio Fão e Forqueta, formam um cenário digno de cartão postal. O local recebeu os primeiros imigrantes italianos, vindos de Garibaldi por volta de 1910. Das famílias pioneiras Rosseti, Heinecke, Broilo, Petrini, Arthus, Bazzo, Villa, Naraboldi e outros, boa parte dos descendentes ainda continuam por lá. Um dos imigrantes, Maximiliano Villa veio direto da Itália para a localidade. A denominação de Alta Picada Serra, se origina por ser vizinha de Picada Serra, em Marques de Souza, e logicamente ter uma altitude maior que esta. Uma das heranças da imigração italiana é a religião católica. A fé é professada no salão da comunidade durante as missas proferidas pelo Frei Milton Backes da Paróquia de Bela Vista do Fão. Santo Expedito, o santo das causas impossíveis é o padroeiro da comunidade. Todos os anos, no mês de abril, acontece a festa e procissão num capitel em forma de pipa de vinho, outra tradição herdada. Cerca de duzentos moradores residem na picada, dedicando-se ao setor primário como a fumicultura, aviários, produção de mel e criação de gado leiteiro. Desativada no início deste ano, por muitas décadas foi referência a escola municipal Marcílio Dias. O Clube de Mães Recanto Verde reúne as senhoras da comunidade. Nos finais de semana, o ponto de encontro é salão da comunidade, onde acontecem as festas e bailes. Ao lado, está o campo do Esporte Clube São João, presidido por Valmir da Cruz. É o representante local no campeonato municipal de futebol amador. Entre os moradores, estão as famílias Bazzo, Villa e Arthus. “Este lugar é maravilhoso, estamos as margens de uma rodovia asfaltada, com fácil acesso, as terras são boas, pois em grande parte estão em áreas planas e as pessoas trabalham muito e vivem em harmonia”, afirma Jurema Villa Bazzo. O neto Robson Arthus (15) se destaca como músico. Além da carreira solo, é também integrante do conjunto tradicionalista Garotos do Pampa, que anima bailes pela região. E quando fala no neto, a avó se enche de orgulho. “Ele aprende muito fácil. Além do violão, toca guitarra, gaita e agora aprendeu bateria”. A comunidade só tem uma reclamação. Embora tenham asfalto e celular, a internet ainda não chegou por lá. Diversos moradores possuem computador, mas não conseguem se conectar com o mundo. “Quem sabe alguém dá uma atenção especial para nós”, exclama Robson, que quando necessita alguma informação sobre a área musical, necessita se deslocar até a sede do município.

domingo, 3 de outubro de 2010

LINHA SÃO JOÃO - TRAVESSEIRO





A localidade de Linha São João está situada a cerca de quatorze quilômetros da sede do município, ás margens da estrada municipal que liga Travesseiro a Barra do Fão e que serve também como desvio do pedágio da BR-386. Na história da comunidade um fato ainda hoje é lembrado por alguns moradores, embora por algum tempo tenha sido considerado tabu. Num cemitério abandonado próximo a estrada, estão três sepulturas de seguidores dos Muckers, entre eles o de Jacó das Mulas. A revolta dos Muckers ocorreu entre 1868 e 1874 em São Leopoldo, a primeira colônia alemã fundada no Rio Grande do Sul. A revolta envolveu imigrantes alemães que se reuniram em torno do curandeiro João Jorge Maurer e de sua mulher Jacobina, inicialmente para obter esclarecimentos e, mais tarde, com fins religiosos: acreditavam-se eleitos por Deus para fundar na terra uma nova era, e começaram a trabalhar concretamente neste sentido. Perseguidos por autoridades locais, foram presos, mas libertados por falta de provas condenatórias. Alguns deles acabaram vindo para o Vale do Taquari.
Entres estes, estão os que haviam se refugiado em Picada May, na então Colônia Bastos, hoje pertencente ao município de Marques de Souza e que sem seguida chegaram a Linha São João, onde se refugiaram, além de Jacó das Mulas, João Jorge Maurer, Pedro Arend, João Daniel, Henrique e Jacó Noé, Nicolau Fuchs e Daniel Arend. Numa das lápides do cemitério, corroída pele tempo é possível se ler uma inscrição em alemão de uma citação preferida de Jacobina: “Estreita é a porta, apertada é o caminho da vida e poucos o seguirão”. Conforme Milton Bruch, proprietário da área, haviam mais sepulturas. Porém a ação do tempo e a retirada de material por pesquisadores, segundo ele, acabou reduzindo o cemitério a poucas sepulturas. Outras foram soterradas. Ele recorda que quando era criança brincava entre os jazigos. Conhece muito bem a história dos conflitos e a saga dos seguidores de Jacobina. Seu bisavô, era primo de Jacó Mula, que está enterrado no cemitério. Cerca de cinquenta moradores residem na localidade onde se dedicam a atividades como criação de gado leiteiro, fumicultura, avicultura e suinocultura. O Rio Forqueta, que corta toda a localidade, proporciona excelentes áreas de lazer. O ponto de encontro da localidade é o ginásio de esportes do Esporte Clube São. Ao lado o campo de futebol onde acontecem torneios esportivos. A tradição dos colonizadores alemães é mantida pela realização dos bailes de Kerbs. Uma das reivindicações da comunidade é construção de uma nova pinguela sobre o Rio Forqueta, já que na enchente do início deste ano, a única ligação desta comunidade com o distrito de Tamanduá em Marques de Souza, foi destruída. A pinguela permitia que moradores acessassem mais rapidamente a BR-386.
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