quinta-feira, 29 de novembro de 2012

COMUNIDADE QUILOMBOLA SÃO ROQUE - ARROIO DO MEIO

Numa região em que destacam-se as comunidades colonizadas por alemães e italianos, no interior de Arroio do Meio, chama a atenção a existência da Comunidade Quilombola São Roque. Localizada no distrito de Palmas, a cerca de 600 metros de altitude, um grupo de cerca de oitenta pessoas, descendentes de escravos africanos, convivem com costumes atuais, mas ainda preservam tradições de seus antepassados como a hospitalidade e o acolhimento aos visitantes além da gastronomia como os doces de Pau, ralado e de Coco e paçoca. De acordo com informações publicadas na obra “Arroio do Meio: entre Rios e Povos”, de autoria de Marcos Rogério Kreutz, Patrícia Schneider, Neli Teresinha Galarce Machado e Fernanda Schneider, a comunidade São Roque foi criada por um ex-escravo, conhecido como Vovô Theobaldo. Consta no livro que conforme informações orais de Araci da Silva, filha de Alcides Geraldo da Silva, o vovô Theobaldo teria feito parte de um quilombo denominado Moçambique. Deixando este quilombo, ele teria se radicado por um período em Estrela, segundo mais tarde para a localidade de São Roque, onde viveu até os 112 anos. Segundo informações do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, a comunidade foi certificada pela Fundação Cultural Palmares em 17 de novembro de 2005. Integrantes da Associação Cultural vovô Theobaldo, Ângela Maria da Silva, Loni Maria da Silva, Cristina Aparecida da Silva, Rejane Maia da Silva, Marcolino Francisco Gomes, Daiane Aparecida da Silva Gomes e a matriarca Araci da Silva (76), relatam o dia da comunidade e lembram costumes perdidos com o tempo como almoços a base de pirão de farinha de mandioca reforçado com ossos de porco, que fortaleciam quem trabalhava na roça, além dos cantos entoados pelas mulheres enquanto lavavam roupas no arroio das proximidades. De acordo com elas, a maioria da comunidade professa a religião católica, freqüentando as Missas realizadas no salão comunitário. Numa pequena sala da residência de Araci da Silva, que também é benzedeira, e uma espécie de conselheira, pois em casos de discussões, ela dá a palavra final, existe o espaço para orações. Num altar estão imagens como Nossa Senhora Imaculada Conceição, a protetora da família e outros Santos. A Umbanda também faz parte da religiosidade local através do Centro Oxum de Ogum. Embora residam longe da cidade, a maioria trabalha na cidade, assim como os jovens que estudam na Escola Itororó em Palmas ou em Arroio do Meio. Nas terras íngremes e com muitas pedras, a dedicação para o cultivo de aipim, feijão, batata, milho e hortaliças. Ovos, frangos e produtos coloniais são comercializados na cidade. Algumas famílias trabalham com reciclagem de lixo. Para manter os jovens no local a esperança é de que através de um trabalho de assessoria que a Emater/ RS-Ascar realiza seja implantada uma agroindústria. Água potável e luz elétrica estão presentes em todas as residências. A miscigenação com imigrantes alemães nas proximidades já resultam em namoros e casamentos, por isso, além dos Silvas, Borbas, Gomes, das Almas, aparecem na comunidade sobrenomes como Watcher. A maioria da comunidade professa a religião católica, freqüentando as Missas realizadas no salão comunitário. Numa pequena sala da matriarca Araci da Silva (76), o espaço para orações. Num altar estão imagens como Nossa Senhora Imaculada Conceição, a protetora da família. A Umbanda também faz parte da religiosidade local através do Centro Oxum de Ogum. As festas que ocorrem no salão comunitário resgatam um pouco das tradições com destaque para a gastronomia com rapadura, pão de milho, sucos e chás, além de apresentação de capoeira, artesanato de palha e de pano e umbanda. São tradicionais as festas do padroeiro São Roque, da Imaculada Conceição e do dia da Consciência Negra. Comunidade pacífica e ordeira, onde as propriedades não tem muro ou cercas de divisão. “Cada um sabe onde começa e termina sua terra, vivemos em perfeita harmonia”, afirmam os moradores. Colunas anteriores estão em: umlugarnovale.blogspot.com

SÃO ROQUE - BOQUEIRÃO DO LEÃO

Na contramão da maioria das pequenas localidades da região que tendem a perder moradores e enfraquecer a economia, São Roque é uma exceção entre as comunidades interioranas, graças a investimentos nas áreas de fumicultura e reflorestamento, que movimentam a economia local. “Isto sem contar a produção de peixes, suínos, mel e tambos de leite”, comemora o comerciante Emílio Goergen, que ao lado da esposa Inês, mantêm uma casa de “secos e molhados”, há 40 anos, onde encontra-se de tudo um pouco. A família Bonassi é proprietária de outra casa comercial na comunidade. O prefeito atual, João David Goergen é natural da localidade, cuja história remonta à 1890, quando chegaram as primeiras famílias representadas por sobrenomes como Vedoy, que vieram da Espanha, Almeida, Bonassi, Bozzeto, Borghetto, Campiol, Basségio, Girardi, Keller, Klauss, Tozetto, Pontin, Bergonci, Possebon, Gadenci e Zannus. De lá para cá, altos e baixos, com muitos moradores estabelecendo-se com comércio na Sede do município, que fica a 4 quilômetros. “Mesmo assim, os que ficaram investem aqui e por isso temos um grande movimento. São 45 tratores espalhados pelas propriedades rurais, mais de uma dezena de casas construídas através do MPA e uma das maiores plantações de fumo do Estado, na propriedade da família Barbon, além de 400 mil pés de eucalipto”, comenta Emílio, que destaca também a tranquilidade do lugar, com temperaturas sempre amenas, apenas ainda com uma carência na localidade, a ligação por asfalto até Progresso, que dista 14 quilômetros. Ônibus interurbanos para Progresso, Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul, suprem as necessidades locais, além de oito linhas diárias que ligam com a cidade. Na área social, festas e bailes, jantares e rodeio crioulo agitam a comunidade. Nas entidades o destaque para o trabalho e promoções do Clube de Mães Líder da Serra, Comunidade católica, escola e CTG, agitam a comunidade. O Esporte Clube São Roque é tri campeão municipal. A Escola Estadual professora Addes Pozzebom conta com 130 alunos, coordenados por 16 professores e tendo como diretor Luiz Augusto Schmidt. Outras entidades como os grupos de bocha Maragatos, São Roque e Panelinha, além da equipe de veteranos de futebol, CPM, CTG Espora de Prata e Associação de água demonstram a participação popular nos destinos da comunidade. Um ginásio de esportes está em construção. A família Goergen destaca o envolvimento comunitário: “Todos pegam juntos, nossa sociedade é unida e uma prova disso são os recentes investimentos na comunidade católica”, afirma a presidente Inês. Internet e telefone DDD estão presentes na maioria das residências. Entre as empresas que se destacam está a Serraria Barbon. Entre os moradores atuais aparecem, sobrenomes como Calvi, Caumo, Zannus, Fopa, Bianchini, Oliari, Campiol, Goergen, Bonassi, Pontin, Possebon, Bozetto, Klaus, Possebon, Borghetto, Battisti, Baptista, Barbon, Brum, Bazzei, Almeida, Bergonci, Silva e Rizzeti.