sábado, 31 de outubro de 2009

NAVEGANTES - POUSO NOVO



Na antiga estrada que ligava o município com Arroio do Meio, proximidade de Forqueta Alta e a margem direita do Rio Forqueta, está situada a localidade de Navegantes. Hoje reduzida a não mais que uma dezena de moradores o local oi palco da chegada dos primeiros imigrantes italianos à localidade, dando assim início a formação do município de Pouso Novo. Descendente dos pioneiros, Rubem Mariani, produtor rural ainda reside no local. É ele que nos relata um pouco desta história. Em 1904, vindo de Nova Milano chegava ao local o casal Gilberto e Luiza Mariani, seus avós. “Da juventude sabe-se que Gilberto exercia a profissão de ferreiro, carpinteiro, laçador e agricultor, enquanto Luiza era tecelã. Logo tiveram o primeiro filho Maximino. Depois nasceram Carolina, Augusto, Rosa, João, Pedro, Josefina, Edílio, Albertinho, Maximina, Domingos e Ambrósio. A fonte de renda era a ferraria e a agricultura. Em seguida adquiriram um moinho de trigo e milho, e moíam para toda a região, movimentando a localidade”, relata. A família Mariani sempre foi muito religiosa. “No início não havia capela em Forqueta e quando vinha o padre se rezava a missa na casa de João Basso, sendo que o padre pousava na casa de Gilberto Mariani. Não passou muito tempo para que os moradores de Forqueta construissem nas terras de Gilberto Mariani uma capela tendo como padroeira Nossa Senhora dos Navegantes”. E foi em 2 de fevereiro de 1932 que a capela foi inaugurada com muita uma grande festa e procissão que acabou virando tradição a partir daí durante diversos anos. “Durante a prece não ressoava o sino, se rezava, cantava e se soltava foguetes. A festa continuava o dia todo na várzea de Gilberto onde havia um galpão. Os moradores do outro lado do rio faziam a travessia em uma canoa, para acompanhar as missas, rezas e festas”, relata Rubem.
Rubem também recorda que o avô,os pais e os tios zelavam pela igreja, cemitério, tocavam o sino três vezes ao dia, nas missas e terços e quando do falecimento de alguém. Os casamentos eram celebrados com um dia e uma noite de festa, com muitos convidados. “A vida na família Mariani era união no trabalho, na oração, na troca de idéias e busca de soluções para os problemas. Cultivavam o certo. Foram conselheiros de muita gente que vinha pedir-lhes conselhos nos seus problemas. O avô Gilberto era um homem equilibrado, pacífico e bom. De fato ele era amigo de todos, caprichoso, confiava nos filhos e tinha ordem. Após as colheitas dava uma parte para cada filho para que aprendessem a administrar. Chegando eles a idade de 21 anos eram considerados maiores,adultos e livres e não precisavam mais obedecer a seus pais”, relata o Frei Antônio Luiz Mariani em obra que fala sobre a família. Segundo ele a avó Luiza “era esperta, atenta, sábia, corajosa e orientadora e de visão das coisas. Agia na hora certa, tinha grande convicção. Era uma segurança para toda a família”. Para ele tanto o avô como a avó não eram de luxo e nem de aparecer. “Eram simples e sem vaidade no vestir e no falar. Tinham perspicácia, isto é, conheciam as pessoas nas conversas se eram sinceras ou não. Dificilmente adoeciam. Conheciam os chás. Todas as noites rezavam o terço e a ladainha de Nossa Senhora ajoelhados.Nas refeições faziam a oração em procissão da cozinha para a sala grande. Ensinavam as orações aos filhos e os preparavam para a primeira comunhão”. Luiza faleceu em 1958, com 75 anos de idade. .Gilberto faleceu em 1964, aos 84 anos. Estão sepultados no antigo cemitério da localidade ao lado da igreja que ajudaram a construir. Atualmente Rubem Mariani, a esposa Rose e a filha Morgana lutam pela preservação da história do lugar, seja na conservação da antiga igreja ou na manutenção do cemitério.

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